Missões na Angola

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Alexandre Borges de Magalhães e o Padre Fernando Genú fizeram uma viagem apostólica à Angola, na África. Visitaram as principais cidades do país e estiveram com muitos membros do MVC neste país. Confiram o testemunho do Padre Fernando Genú sobre a viagem:

   No período de 17 a 30 de setembro visitamos Angola, a convite das Servas do Plano de Deus, que há alguns anos trabalham de forma muito edificante nessas terras. No primeiro dia, fomos recebidos, calorosamente, pelos membros do Movimento que logo foram mostrando os seus dotes de cantores e dançarinos. E como cantam! No corpo de cada um a junção perfeita de sons e palavras. Cantam com o coração!

   Assim começou esta inesquecível visita.

   No segundo dia começamos um retiro com os agrupados de lá e ficamos surpresos com a formação catequética recebida. Pessoas que tinham um bom conhecimento da nossa fé, mas que desejavam mais. Que formoso é quando a fome de Deus que temos se converte em atos concretos, em uma busca visível, em uma escuta reverente! Foram dois dias de formação na fé, adoração ao Santíssimo Sacramento, confissões e Eucaristia. Ao final, celebramos ao som dos cantos em umbundu (acompanhando, apenas, com palmas ritmadas). Não eram necessários instrumentos, pois  as vozes deles cobriam todo o ambiente. 

   No domingo fomos à missão do Bimbe… o inesquecível Bimbe. Em meio aos destroços causados pela guerra civil, motivada pelas velhas e conhecidas razões da chamada “Guerra Fria”, levantavam-se seres humanos gigantescos. Pessoas que ensinavam com as suas vidas o significado da palavra “superação”. Estamos começando a entender os matizes diversos da mesma.

   Em um ambiente árido e pobre estivemos na Missa mais participativa já experienciada por nós. A aridez converteu-se em profunda acolhida e a pobreza era no fundo riqueza… Sem dúvida, difícil, hoje em dia, distinguir esses contrastes. Não se trata de uma idealização de nada, trata-se, simplesmente, de uma experiência vivida. Durante a Missa a sensação era de que o tempo havia parado para eles. Havia unicamente a celebração, centro de tudo. Complicado entendermos isso em meio às ocupações nas quais vivemos. A Missa durou duas horas e se o Padre celebrante, no caso, eu, não fosse tão acanhado, duraria umas cinco! 

   Depois da Missa, os Padres que viviam na Missão de Angola (rezemos por eles e pelos sacerdotes no mundo! Nunca deixemos de fazê-lo!) convidaram-nos a partilhar o almoço. À mesa o sempre presente “fuba” com as tradicionais ervas que o acompanham e adereçam.

   Durante a semana tivemos uma intensa bateria de palestras e diálogos com os emevecistas e membros da Paróquia de Fátima (onde as Irmãs participam ajudando). Falamos da vida cristã, da vocação, das seitas, da Missa, da vida espiritual, etc. Quando se tem bons ouvintes, falar fica até fácil! Foram jornadas intensas. Sementes foram lançadas, outras regadas. Peçamos pelos frutos das mesmas.  

   Na sexta-feira, 28 de setembro, fomos à Missão de Sacatala. Quando entramos na estradinha que dava acesso à Aldeia (sic), fomos recebidos por uns 30 jovens que iam correndo atrás do carro, cantando. Realmente emocionante. Ao chegarmos, os jovens deram lugar às vozes das senhoras e crianças que nos esperavam. Vontade não faltou de dizer-lhes que não merecíamos tudo aquilo e que eles, sim, eram os protagonistas. Que lição da arte da acolhida e humildade! Reaprendizagem!

   Foram todos convidados à ceia do Senhor, que só experimentam 2 vezes ao ano, por conta de não existirem sacerdotes por perto ou disponíveis. É impressionante percebermos que a fé deles permanece intacta e inabalável apesar do passar dos anos. Carecem de várias coisas, mas o Senhor Jesus é o mesmo. A rocha, o amparo, Aquele a quem adoramos como o nosso verdadeiro Deus, na fraternidade da Igreja querida e deixada por Ele mesmo.

   Durante a apresentação de dons trouxeram o que tinham: milho, abacate, banana, ananás e até 2 galinhas (até agora não sabemos se vivas ou mortas). Enchemos o carro com as oferendas recebidas porque desprezá-las seria quase um sacrilégio! É assim que, com a consciência de que estávamos indo oferecer-lhes algo, voltamos com a experiência de que os servidos fomos nós. Não existe riqueza maior do que a experiência de fraternidade, na qual cada um partilha o melhor de si…ainda que pouco. É um pouco que é suficiente, pois Deus o faz abundante.

Terminamos a nossa viagem com um encontro de jovens (a Cristiada), que reuniu  aproximadamente 200 jovens. Praticamos alguns cantos, rezamos, juntos, a oração inicial e passamos um dia cheio de surpresas e de verdadeiro encontro. Culminando, as bênçãos recebidas, com a celebração da Eucaristia.

   De propósito deixamos para o final o relato da nossa experiência em “Cresce Angola”. “Cresce” é uma iniciativa das Servas para oferecer alfabetização às crianças que acompanham  suas mães ao mercado da Alemanha (obviamente lá, também)(*). Chama-se Alemanha porque foi iniciado no ano da Copa do Mundo de Futebol que foi na Alemanha, em 2002 (quando o Brasil foi penta… não poderíamos deixar de mencionar).

   Tudo na citada iniciativa é precário, menos a boa vontade. Quando chegamos lá, a intenção era visitar as crianças.

Novamente a lição fomos nós que recebemos. Se acolhida, humildade e superação já ganharam força no nosso vocabulário do dia a dia, mais que nunca aprendemos a realidade que fundamenta todas as outras: o Amor. Sem amor, não fazemos nada, ou até mesmo o que fazemos esteriliza-se. Com amor, podemos fazer tudo! E os frutos –ainda que pequenos– são como um vírus que nos contagia e, graças a Deus, ainda não se encontrou a cura para o mesmo.Percebia-se a vontade de todas quererem se atirar em cima de nós, mas não o faziam por respeito às Irmãs professoras. Ficavam olhando pra elas e logo pra nós. Quebramos o gelo inicial e começamos a ensinar tam

Não nos esqueçamos de rezar pelas Irmãs, pelos membros do MVC,

pelos católicos da Angola, enfim, por todos, especialmente, para que o país se desenvolva cada vez mais, profundamente assentado sobre as raízes dos valores aprendidos acima.

(*)(também existe o projeto  futuro de alfabetização de senhoras)

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