Tempo para si mesmo

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(…) É sumamente bom entrar primeiro no aposento do conhecimento próprio, antes de voar aos outros. É este o caminho. Se podemos ir por estrada segura e plana, por que desejar asas para voar? Tratemos, pelo contrário, de progredir no primeiro aposento, aprofundando o conhecimento de nós mesmos. [1]

Alguém diria que tem uma vida calma, tranquila… quase plácida? Pode até ser. A maioria das pessoas, ao contrário, sente o dia a dia intenso, ocupado, pressuroso. Geralmente, a nossa agenda está preenchida com multitarefas. No respiro entre as atividades, ‘descansamos conectados’… E, assim, é fácil ouvir ou acabar dizendo por aí: “O dia  tem 24 horas!!!”. Afinal, sentimos falta de ter tempo.

Desejamos ‘ampliar’ o tempo para cumprir os diversos afazeres relacionados à vida: no trabalho, na família, no social, no pessoal e nos imprevistos cotidianos.  Esse é o cerne da questão. Relacionar a importância do tempo a estar ‘fazendo alguma coisa’… desempenhando uma atividade. Qual o risco disso? O desconhecimento de que “o fazer se desprende do ser”. E, desse modo, a subvalorização da primazia do ‘tempo para si mesmo’ por meio da oração, da meditação, do exame da própria consciência. Para quê? Exclusivamente, para aprofundar em autoconhecimento. Para ser capaz de se reconhecer e, por conseguinte, valorizar-se além dos aspectos físicos, sociais ou profissionais. Olhar-se de dentro para fora. Dedicar tempo para entrar em contato consigo mesmo, para compreender o sentido de ser uma pessoa humana única e irrepetível… Aprender a perceber o interior onde é possível escutar a voz do Senhor Jesus que sabe TUDO a nosso respeito. E assim, com Ele, descobrirmos quem somos (além da casca!) para agirmos em conformidade, conquistando uma vida mais autêntica, com decisões e ocupações embasadas por um sentido mais profundo. Simples assim…


[1] Santa Teresa de Jesus. ‘Castelo interior ou moradas’. Ed. Paulus. Rj. p.31.

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