Trocar o sofá por um par de tênis e construir um mundo melhor

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Por Gilberto Cunha

Já faz um mês de um evento que certamente marcou e deixa muitas saudades em todos os que participaram e acompanharam: A Jornada Mundial da Juventude. Essa JMJ marcou por ser uma grande festa de misericórdia, com uma mensagem muito profunda do Papa Francisco aos jovens.

Relendo a marcante mensagem da Vigília dos Jovens, chamou-me a atenção uma imagem que o Papa Francisco usou para falar aos jovens, o sofá:

“Gosto de a chamar a paralisia que brota quando se confunde a FELICIDADE com um SOFÁ. Sim, julgar que, para ser felizes, temos necessidade de um bom sofá. Um sofá que nos ajude a estar cômodos, tranquilos, bem seguros. […] que nos garanta horas de tranquilidade para mergulharmos no mundo dos jogos e passar horas diante do computador. Um sofá contra todo o tipo de dores e medos. Um sofá que nos faça estar fechados em casa, sem nos cansarmos nem nos preocuparmos.[…] é a paralisia silenciosa[…] que mais pode arruinar a juventude.”

Por que arruína a juventude? Porque nos torna adormecidos, acomodados, nos impede de ver a necessidade do outro, de construir o nosso futuro. E, como falou o Papa, outros mais espertos decidem o futuro por nós e se beneficiam do nosso comodismo. Basta olharmos um pouco para a atual situação do nosso país…

Para o mundo é muito melhor que estejamos no sofá e não respondamos ao sonho que Deus tem para nós, pois assim eles podem tirar proveito e ficar com aquilo que temos de mais valioso: a nossa liberdade.

“Quereis que outros decidam o futuro por vós? Quereis ser livres? Quereis estar vigilantes? Quereis lutar pelo vosso futuro?”

Deus nos criou para deixarmos uma marca, para fazermos a diferença no mundo, na vida das pessoas. Esse desejo de buscar algo grande, de descobrir novos horizontes está no coração do jovem. Quer uma prova disso? O fenômeno Pokemón Go.

Sem tirar o crédito da diversão (é um jogo muito legal e criativo!), que é importante na vida do jovem, percebemos que muitos acabam se alienando com tamanho envolvimento no jogo e deixam de ver a realidade do outro que sofre na sua frente e que precisa de ajuda, tanto em casa como nos diversos lugares onde se caçam os pokemóns.

Junto à contagem de quantos pokemóns cacei hoje, poderia me perguntar também: quantas pessoas ajudei neste dia? Em que melhorei hoje? Em que level estou de humanidade? Por que além de ser um grande mestre pokemón não me torno também um grande mestre do amor e da solidariedade?

Mas como fazer isso? Onde encontro o ânimo, a coragem e a força para sair da inércia? Em Jesus!

Peça ajuda ao “Senhor do risco, o do sempre ‘mais além’” e decida “trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia.

Ah, mas vale a pena? Digo que vale muito!!! Conto um pequeno testemunho. Há uns meses estou participando de uma iniciativa de alguns jovens que decidiram dedicar parte do seu tempo para visitar moradores de rua. Levamos café da manhã, roupas e principalmente doamos o nosso tempo para eles. Deparamos com uma dura realidade: a maioria deles são escravos do vício do crack.

Durante estas visitas algumas vezes fomos abordados por pessoas que nos aconselhavam não ajudá-los, pois assim eles nunca sairão dessa vida e ficarão acomodados. Que isso era responsabilidade da prefeitura e que eles não querem sair dessa vida, dentre tantos outros argumentos… Conversando no grupo veio a seguinte reflexão: mas se eu não me preocupo por eles e os amo, quem fará isso? De repente eles só tem a nós neste momento, neste encontro. E a vontade deles está tão enfraquecida e escravizada que eles precisam de uma força para sair desta situação.

Há alguns dias atrás nos veio uma resposta contundente: o bonito testemunho de um ex-viciado (em bebida e drogas). Sua vida mudou radicalmente e agora está buscando ser um bom pai de família, um bom cristão e está buscando ajudar a mudar a vida de outros. Ele nos disse que uma coisa muito importante para ele querer mudar, foi que apesar de sua miséria e situação de escravidão, ele tinha ao seu lado pessoas que o amavam e se importavam com ele. Portanto, vale muito a pena sair do sofá e viver a misericórdia!

Concluo essa breve partilha com este convite do Papa Francisco a cada um de nós:

O Senhor, como em Pentecostes, quer realizar um dos maiores milagres que podemos experimentar: fazer com que as tuas mãos, as minhas mãos, as nossas mãos se transformem em sinais de reconciliação, de comunhão, de criação. Ele quer as tuas mãos para continuar a construir o mundo de hoje. Quer construí-lo contigo. E tu, que Lhe respondes? Que resposta Lhe dás tu? Sim ou não?

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