A alegria do coração de Jesus

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“Naquele momento, ele exultou de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios e aos entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10,21)

O contexto da cita

O Contexto da passagem é a volta dos 72 discípulos, que tinham sido enviados em missão na sua frente, para anunciar a Boa Nova pelas cidades por onde depois Ele iria passar. Depois de ensinar aos seus discípulos qual devia ser o motivo da sua alegria, que seus nomes estavam escritos nos céus, Jesus inicia uma oração da ação de graças, na qual se torna explícito o que há no seu coração.

Para os Comentadores da Companhia de Jesus, a oração de Jesus, composta de quatro versículos, cuja primeira parte meditamos, reúne as frases “mais solenes dos sinóticos (…) uma das poucas orações que a tradição conservou no seu próprio texto” (p. 657-658). Trata-se, explicam, “de uma oração pronunciada em alta voz, na presença dos discípulos” (Ibid.), na qual, a diferença do Pai Nosso, Jesus acrescenta ao simples vocativo “Pai” o título de “Senhor do céu e da terra”, comum no judaísmo da época.


Compreendendo algumas expressões

“Essas coisas” faz referência ao “mistério do reino de Deus (8,10), tudo o que Jesus veio revelar, e em particular quem é o Pai e quem é o que veio revela-Lo” (Ibid.).
Os “sábios” são aqui os que se acham capazes de conhecer a verdade com as suas próprias capacidades intelectuais. Os “pequenos”, literalmente as crianças (tradução do hebraico petayin), são as pessoas simples e humildes, gente modesta, que, justamente pela sua simplicidade, que contrasta com o orgulho dos escribas e fariseus, acolhem com mais facilidade o Evangelho.


O íntimo do coração de Jesus

O Catecismo da Igreja Católica (n. 2603) lembra o versículo que meditamos como uma das duas ocasiões nas quais Jesus exprime publicamente a sua oração ao Pai, cujo núcleo está constituído pela adesão do seu coração humano ao mistério da vontade do Pai. De maneira extremamente delicada e bela, o texto estabelece uma relação direta entre o Sim de Jesus ao beneplácito do Pai e o Sim de Maria (seu Fiat), sua Mãe, pronunciado na passagem da Anunciação:

“Os evangelistas retiveram duas orações mais explícitas de Cristo durante o seu ministério. E ambas começam por uma ação de graças. Na primeira (Cf. Mt 11,25-27; Lc 10,21-22), Jesus louva o Pai, reconhece-O e bendi-Lo por ter escondido os mistérios do Reino aos que se julgavam sábios e os ter revelado aos «pequeninos» (os pobres das bem-aventuranças). O seu estremecimento – «Sim Pai!» – revela o íntimo do seu coração, a sua adesão ao «beneplácito» do Pai, como um eco do «Fiat» da sua Mãe aquando da sua concepção e como prelúdio do que Ele próprio dirá ao Pai na sua agonia. Toda a oração de Jesus está nesta adesão amorosa do seu coração de homem ao «mistério da vontade» do Pai” (Cf. Ef 1,9).

Martin Ugarteche Fernández
Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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