Às vezes acontecem coisas em nossas vidas que nos questionam profundamente: a perda de uma pessoa querida, uma injustiça, uma doença, uma traição, a falta de emprego, etc. Podemos ter a sensação de que Deus nos abandonou ou que não encontramos sentido ou forças para seguir adiante.
Mas são nestes momentos que a força de Deus atua mais. Precisamos voltar o nosso o olhar para Ele e vermos além, enxergar aquela luz no fim do túnel. Quem sabe esteja nos faltando crer, esperar e amar mais.
Crer nem sempre é fácil. É preciso ter valor e pedir ao Espírito Santo que nos dê a luz, especialmente nos momentos em que não enxergo bem.
Esperar também não é nada tranquilo. É muito mais fácil inquietar-se, temer ou desanimar-se do que esperar. Esperar é dar crédito.
O amor ainda mais difícil, principalmente quando somos convidar a amar incondicionalmente, inclusive aqueles que nos causam dor e sofrimento. Outro dia conheci a história de uma mãe que tem dois filhos em prisões diferentes. Ela acorda todo domingo bem cedo e passa o dia visitando-os, levando comida e carinho. De forma semelhante, mas ainda mais pleno, é o amor de Deus por nós.
Viver essas virtudes é exigente, mas são elas que nos permitem passar por qualquer situação e alcançar a felicidade plena. São como os três alicerces da vida cristã. Ser cristão é na essência isso: crer em Deus, esperar tudo dEle e querer amá-Lo e ao nosso próximo de todo o coração.
E como aprender a crer, esperar e amar? Proponho mergulharmos na experiência de um dos primeiros cristãos, que certamente nos identificaremos bastante: Pedro.
Aprender a crer: vocação de Pedro e dom da fé
O momento em que Pedro começa o seu aprendizado é o encontro no lago de Genesaré, onde Jesus realiza o milagre da pesca e o convida a segui-Lo (ver. Lc 5, 1-11).
Pedro já havia escutado sobre esse profeta da Galileia e estava maravilhado, pressentia no seu coração que suas palavras eram de vida eterna (cf Jo 14) e que sua resposta a esse chamado levaria sua vida a um destino completamente novo, com um projeto extraordinário.
Neste momento Pedro embarca em uma maravilhosa aventura espiritual que toca o seu coração, lhe revela a beleza de seguir a Cristo e a grandeza de sua vida e destino.
Nossa fé deve ser como a de Pedro. Constantemente renovada e alimentada no Senhor, que recorda constantemente o nosso chamado, o primeiro amor, especialmente quando estou fraco e vulnerável. Pedir ao Espírito Santo que aumente a nossa fé. A experiência de Pedro não foi muito diferente…
Rezemos constantemente: creio Senhor, mas aumentai a minha fé!
Aprender a esperar: as lágrimas de Pedro e o dom da esperança
A fé de Pedro é colocada à prova e ele experimentará uma tristeza enorme no momento mais terrível de sua vida: a traição a Jesus. Aquele que tinha uma fé aparentemente inabalável, que dizia que nunca abandonaria o mestre (mesmo que precisasse morrer), se depara com sua miséria e pequenez e abandona Jesus no momento em que Ele mais precisava dele.
Pedro olha para Jesus e nesse olhar descobre o horror de sua traição e toda a sua miséria, mas ao mesmo tempo percebe que não está condenado, que a misericórdia do Senhor é infinita e que existe para ele a esperança de levantar-se e ser salvo. Afunda-se em lágrimas e com isso começa a purificar o seu coração. Sua sorte foi aceitar cruzar o seu olhar com o de Jesus. Diferente de Judas, que deixou-se levar pelo desespero…
Uma mudança decisiva aconteceu na vida de Pedro: passou da confiança em si mesmo à confiança em Deus, da presunção à esperança.
Aprendemos a esperar quando somos radicalmente pobres, quando reconhecemos que somos débeis e frágeis, quando a nossa confiança está muito mais em Deus do que em nós mesmos:“Bem-aventurados os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5, 3)
Uma oração de esperança que podemos rezar todos os dias é a seguinte: o que eu não sou capaz de fazer por minhas próprias forças, espero de Ti, meu Deus, não em virtude dos meus méritos, já que não possuo nenhum, mas em virtude de Tua grande misericórdia.
Aprender a amar: Pentecostes e o dom da caridade
Pentecostes foi para Pedro e os outros discípulos uma grande efusão do Espírito, que encheu os seus corações da presença divina e os uniu intimamente a Cristo e tendo como um dos frutos mais belos a valentia para amar.
Pedro recebe uma força do alto, a força da caridade que o impulsiona a dar testemunho de Deus diante dos homens, sem medo, inclusive alegrando-se por sofrer por Cristo (At 5,41). Esse amor é levado ao extremo. Ele dá a vida por Cristo e o Evangelho crucificado de cabeça para baixo. Um Pedro muito diferente do da Paixão…
O amor, como nos fala São Paulo é a mais importante das virtudes. “À tarde te examinarão no amor”, dizia São João da Cruz. Das três virtudes a única que nos acompanhará no céu é o amor. A fé será substituída pela visão, a esperança pela posse, mas o amor permanece para sempre e em plenitude.
Como aprender a amar cada dia mais? Rezando e servindo. Ser ao mesmo tempo Marta e Maria.
Na oração entramos mais em contato com Deus e com o nosso interior e somos transformados por Ele para amarmos de verdade. E esse amor faz-se concreto no serviço. Reze e sirva mais e verá como o seu coração será grande e já não terá muito espaço para outras coisas: mágoas, egoísmos, inveja, etc. O amor cura tudo!
Uma oração para crescer no amor: Ó Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao Vosso!
Crer, esperar e amar com Maria
Ao longo da meditação, vimos algumas pistas de como aprender a crer, esperar e amar. O modelo mais seguro para seguirmos é Maria. Ela viveu essas virtudes em plenitude. Ela estará sempre presente quando nos falte a fé, esperança e a caridade.
Peçamos a Maria que nos ensine e acompanhe no crescimento destas três virtudes, para que cada dia sejamos semelhantes ao seu Filho.