Se você estiver andando na rua e, repentinamente, passar por um grupo onde várias pessoas dizem em uníssono “Saúde!”, você precisaria parar um pouco se quisesse saber se estão fazendo um brinde, respondendo a alguém que espirrou ou fazendo uma manifestação pública para exigir melhorias na área da saúde. Com certeza o tom com o qual isso foi falado seria outra pista.
Esta imagem é só para lembrarmos que a comunicação é contextual. Entre os elementos da comunicação, os mais evidentes são o emissor, o receptor e a mensagem. Sem eles, não existe comunicação. Porém, existem outros elementos como o contexto, sem o qual a comunicação seria fictícia, abstrata.
O contexto dá sentido à mensagem e, ao mesmo tempo, lhe dá forma. Não é o mesmo dizer um “Desculpa!” ao esbarrar com alguém desconhecido na rua, ou aos amigos quando não cumpriu com o prometido, ou aos pais ao ser corrigido, ou à namorada após uma briga.
O contexto dá o tom e a direção da mensagem. Mas nó dissemos isso tudo para introduzir o assunto desta reflexão:
Qual é o contexto da nossa comunicação em um mundo tão interconectado?
Sem dúvida, as possibilidades de comunicação abertas nos últimos anos permitiram fazer mais curtas as distâncias, fazer mais próximos os diferentes. Em todo caso, introduziram também alguns contextos comunicativos mais superficiais e individualistas. Algumas pessoas viraram anônimas no meio das massas. Uma frase que talvez expresse bem isso seja o “postei e saí correndo”.
Uma razão pela qual em um mundo tão conectado muitas pessoas se sentem sozinhas talvez seja essa anonimização e massificação das relações. Umas mensagens saem, outras mensagens chegam, mas emissor e receptor viram mais um elemento no meio das massas. Uma coisa que está em função dos próprios fins.
No fundo, o que está em questão é revalorizar o lugar do encontro pessoal. Os meios ajudam, mas é necessário o encontro com as pessoas, e não apenas com anônimos das massas, seguidores em grande número, interlocutores funcionais. Toda vez que perdemos de vista a pessoa, nossos relacionamentos ficam na superfície e vamos ficando cada vez mais sozinhos.
Com certeza, a tecnologia renovou os canais de comunicação, oferecendo mais acessibilidade. Porém, se ela faz com que nos afastemos das pessoas, ficamos presos no contexto de um individualismo autorreferente. Para além das dificuldades e desafios que apresentam os novos meios de comunicação, o fundamental é manter o olhar na pessoa e na sua necessidade de relações autênticas, de encontro.