Rezar é muito bom! Participar na Santa Missa, de um retiro, visitar à Mãe Aparecida no Santuário, rezar o Terço com o meu grupo de oração, ir à adoração ao Santíssimo, participar de um retiro, tantos momentos que experimento uma paz interior e gostaria que nunca terminasse…
Após experiências como essa, me faço uma pergunta que muitos de vocês provavelmente já se fizeram: como viver isso sempre? Como fazer com que toda a minha vida seja oração?
Gostaria de propor dois pontos que acredito que ajudem a unir oração e vida: viver na presença de Deus e praticar a caridade.
Viver na presença de Deus
Deus disse a Abraão: “Caminha em minha presença e sê perfeito” (Gn 17,1). O nosso desafio é fazer com que toda a nossa vida seja um constante diálogo com Deus, fazer tudo em comunhão com Ele.
Tudo o que faz parte da minha vida pode alimentar o diálogo com Deus e me ajudar a estar na sua presença: as bênçãos para agradecer, as preocupações para pedir a sua ajuda e colocá-las em suas mãos, as decisões difíceis para pedir a luz do Seu Espírito, os nossos pecados para pedir a sua misericórdia e perdão. Pode se fazer fogo com todo tipo de lenha!
Estarmos na presença de Deus com a consciência de que o Senhor nos acompanha sempre. Jesus nos prometeu estar conosco todos os dias até o fim do mundo. Ele quer estar contigo, nas coisas mais cotidianas.
Mas eu tenho muitas ocupações, uma vida agitada. Como me manter na presença de Deus constantemente? O segredo está em fazer com que toda a minha ação seja oração. Limpar a casa, preparar a comida, levar os filhos na escola, participar daquela reunião chata do trabalho, realizar inúmeros projetos: se é feito com amor torna-se um ato de oração, me coloca na presença de Deus.
Não esqueçamos que também são necessários momentos fortes do meu dia dedicados à oração: meditar a Sagrada Escritura, participar da Santa Missa, rezar o terço, visitar o Santíssimo, rezar as minhas devoções, fazer uma leitura espiritual, etc.
Se você só tem 20 minutos ou 5 horas por dia não importa muito para Deus, se é o que você pode segundo as suas possibilidades. Importa mais para Ele a qualidade que a quantidade. Neste tempo faça do seu coração um oratório, onde você se retirará para estar a sós com Deus.Esses momentos fortes de oração nos prepararão também para as diversas tarefas do nosso dia e assim nos manterão na presença de Deus.
Praticar a caridade
Mas como pretender encontrar a Deus e me unir a Ele na oração se somos indiferentes às necessidades do nosso próximo? A caridade é o critério principal para saber se uma oração é fecunda, para saber se Cristo realmente vive em mim.
A falta de amor ao próximo, o guardar rancor ou amargura contra alguém, a falta de perdão, o egoísmo, faz pequeno o nosso coração e pode esterilizar a nossa vida de oração.
Por outro lado, as obras de misericórdia, a generosidade, o perdão, a bondade sem interesse nos conduzem a Deus e fazem nossa oração dar glória a Deus. O Papa Francisco tem nos animado muito, sobretudo neste ano da Misericórdia, que ainda nos restam alguns meses para aproveitá-lo mais.
Se queremos que o jardim do nosso coração seja imensamente irrigado pela graça de Deus, amemos concretamente o nosso próximo: “Eu vos garanto: todas as vezes que fizestes isto a um dos menores dos meus irmãos, foi a Mim que o fizestes” (Mt 25,40)
Jesus e Maria: modelos de vida e de oração
Essa proposta que faço a vocês pode parecer difícil, mas com Jesus e Maria torna-se mais fácil, porque além de me acompanharem neste caminho são modelos de como posso fazer isso possível.
Jesus passou toda a sua vida fazendo o bem. Ele teve uma vida intensa, realizava muitas curas, encontros, sermões, percorria muitos povoados. Mas no Evangelho em alguns momentos comenta explicitamente que Ele ia para um lugar a sós rezar ao Pai. Essa união plena com o Pai era segredo do seu amor e entrega plena por nós.
Maria também conciliou oração e ação perfeitamente. Na sua visita a Isabel isso fica muito evidente. A presença de Deus na sua vida faz a criança saltar no ventre de Isabel. Ela faz uma profunda oração a Deus no Magnificat.
O que Maria faz depois deste momento espiritual intenso? Fica três meses servindo sua prima Isabel nas tarefas mais simples: limpar a casa, cozinhar, fazer compras. Ela faz do simples um lindo canto de louvor a Deus. Faz do ordinário algo extraordinário. Acredito que esse também foi o grande segredo dos santos.
Peçamos a Jesus e Maria a graça de fazer de nossas vidas um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1)