
Historicamente o pensamento dominante da Psicologia estava baseado no estudo dos aspectos anormais, como apor exemplo as patologias. Por esse fator, observou-se uma certa negligência ao estudo dos aspectos positivos e virtuosos dos seres humanos. A questão mais abordada no estudo do comportamento humano parecia ser mais sobre o diferente, que não era representado pela média da população. De acordo com Seligman (2002), era o momento propício para a Psicologia Positiva onde a sua principal preocupação seria ampliar o conhecimento desta nova linha de estudo e modificar o foco fazendo com que a Psicologia não se restringisse tanto a apenas reparar os erros, focando no que está ruim ou errado, consertando ou descobrindo o que não está correto, mas focar na (re)construção de qualidades positivas.
A Psicologia Positiva tem como intuito o entendimento da funcionalidade dos processos e fatores que propiciam a evolução do psíquico sadio. Nesta perspectiva, é interessante saber quais elementos favorecem a consolidação e construção de competências individuais, de grupos e instituições. A resiliência trata de fenômenos que nutrem estes princípios. Por essa razão, a importância de discuti-las associadamente. Resiliência nos propõe a perspectiva de ajuste positivo em contextos de adversidade e de riscos significativos, sendo assim, contribui para a compreensão das forças humanas.
Essa viabilidade gera efeitos importantes na vida dos indivíduos, já que favorece as suas potencialidades, tornando-os mais fortes e produtivos (PALUDO E KOLLER, 2007). Alguns referenciais teóricos e metodológicos que se baseiam nos estudos mundiais sobre resiliência são diferentes (YUNES, 2006), grande parte dos estudos brasileiros sobre o tema estão baseados tanto na Psicologia Positiva quanto na teoria dos sistemas ecológicos do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner (1998). Para Luthar (2006), processos atípicos constituem a resiliência. Processos estes que geram uma adaptação positiva em circunstâncias da vida que conduziriam geralmente ao desajustamento. Existem três tipos de resiliência para Garcia (2001, p. 130): a social, a emocional e a acadêmica. A resiliência social envolve questões relacionadas a modelos sociais, como sentimentos de pertencimento, supervisão de pais e amigos e relacionamentos íntimos que estimulam a aprendizagem de resolução de problemas. A resiliência emocional faz relação com as experiências positivas que geram na pessoa sentimentos de autoestima, autoeficácia e autonomia, capacitando-a a lidar com mudanças e adaptações, fazendo-a adquirir uma seleção de abordagens para solucionar problemas. E a resiliência acadêmica envolve a escola como um lugar onde podem ser adquiridas habilidades para resolver problemas através da ajuda dos agentes educacionais. Tratando-se da questão do desenvolvimento da resiliência, Rutter (1985), também aponta como questões importantes as experiências positivas que conduzem a sentimentos de autoeficácia, autonomia e autoestima, capacidade para lidar com mudanças e adaptações, e uma seleção ampla de questões para a resolução de problemas. Conforme Peres, Mercante e Nasello (2005), o ponto crucial para o desenvolvimento da resiliência encontra-se nas crenças de autoeficácia. A ideia de autoeficácia, baseada no conhecimento da própria capacidade de lidar com as dificuldades e superá-las, retrata um preditor da resiliência. Bandura (2008), destacou que é possível favorecer a resiliência através da modificação de crenças de autoeficácia.
Referências biliográficas
Texto – Psic. Karine Mussel
Fonte: Reconciliatio – Psicologia Integram