“Jovens não tenhais medo, Cristo não nos tira nada, Ele vos dá tudo”

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Para quem olha a vida cristã do lado de fora ela pode parecer muito marcada por renúncias. E, aparentemente, essas renúncias não são retribuídas por nada que as faça valer a pena. Porque até podemos entender que se faça um pouco de esforço se depois ganha-se algo melhor, mas desde um ponto de vista econômico e, insisto, externo, viver a vida em Cristo parece ser um investimento que não vale a pena. Mas se isso fosse verdade, não teria o cristianismo acabado há algum tempo já? O que será que escapa aos olhos dos observadores desatentos?

Em uma figura que pode ser interessante, podemos dizer que as pessoas que não conhecem realmente a Cristo possuem o olhar na horizontal, nesse mundo apenas, reduzido muitas vezes ao material e ao imediato. O cristão, em contrapartida, possui o olhar cruciforme, que não tira os olhos do mundo, mas também alça o olhar na vertical, para Deus. É justamente essa encarnação do divino no mundo, em Jesus Cristo, que o permite enxergar a realidade de forma mais profunda e real, porque leva em consideração não apenas o material, mas também o espiritual.

Nesse sentido, podemos compreender que um olhar externo à vida cristã pode ter dificuldade de compreender as opções dos cristãos porque está vendo apenas uma parcela da realidade. Ou será que é possível entender desde fora? Acredito que se pode conhecer teoricamente muita coisa da religião cristã sem praticá-la, mas o cristianismo não se reduz a um conhecer uma certa quantidade de doutrinas e coloca-las em prática. O católico é, antes de mais nada, alguém que se encontrou pessoalmente com Jesus. E um encontro pessoal não acontece nunca na teoria. É preciso experimentar essa presença. Então, por mais que se possa especular sobre as renúncias dos cristãos e o porquê nós fazemos certas coisas, para realmente compreender é preciso mergulhar nessa vida.

Esse é um ponto complicado. Porque por um lado, os que estão dentro experimentam essas renúncias como um ato de amor e percebem que elas longe de tirar alguma coisa, abrem espaço para que a Vida Plena de Jesus possa habitar com mais intensidade em cada um. Por outro lado, os que estão de fora, embora possam entender algumas coisas teoricamente, não podem ter a mesma experiência a não ser que se lancem a esse “abismo” da fé. Não estaríamos chegando aqui ao núcleo da missão de cada cristão? Talvez, se a entendermos como ajudar a que todas as pessoas possam dar, livremente, esse salto de fé

Por isso escutamos continuamente frases como essa do título ou a de São João Paulo II que disse aos seus 83 anos: “vale a pena dedicar-se à causa de Cristo”. Em um sentido, a vida de todos os santos é exatamente a prova de que vale a pena fazer esse salto. E todos nós, cristãos, somos chamados a ser esse testemunho de que as renúncias feitas por Cristo não são a totalidade da vida cristã, mas simplesmente opções que fazemos para viver a verdadeira Vida que Jesus nos veio dar.

Como se faz isso? É preciso muita criatividade e os dias de hoje estão cheios de boas iniciativas que testemunham o valor de viver a vida cristã. Mas talvez possamos resumir todas as iniciativas àquilo que vemos na Bíblia. Os que estavam de fora olhavam para os discípulos e se questionavam por como se amavam. É isso que precisamos testemunhar, uma forma de viver o amor que o mundo não conhece e que todos os homens desejam. Dessa forma e com a Graça de Deus que nunca falta, muitos terão a coragem de fazer o salto de fé e as renúncias que vêm com ele por amor a essa Vida nova que é o próprio Cristo.

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