Jesus, o Filho querido de Maria, foi brutalmente crucificado. Junto a Ele “permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas e Maria Madalena[1]”. Quão grande será o sofrimento de uma mãe ao ver seu filho morrer dessa maneira? E mais ainda de uma mãe como Maria? Ela, apesar de sentir toda a dor do seu Filho, permanece firme, de pé, sustentada pela pequena chama da fé que está no seu coração. Fé que traz esperança.
A Maria que vive a Paixão de Jesus é a mesma Mulher sábia que viveu o momento da anunciação do anjo Gabriel, que proclamava a encarnação do Filho de Deus. Dona de si mesma e completamente entregue a Deus, aceita o Plano de Amor para o seu Filho. A humanidade guiada por Jesus precisa passar pela morte para sair na terra prometida. Ela que foi educada pela presença do seu próprio Filho não se desespera e, como Abraão, espera com plena confiança no Senhor.
Algumas representações da Paixão de Cristo mostram a Nossa Senhora num tom desesperado novelesco e chorando amargamente durante a crucificação de Jesus. Seguindo a tradição da Igreja e o que relata o Evangelho, particularmente o de São João, a representação mais correta da atitude de Maria naquele momento seria a de uma Mulher silente, serena, que experimenta dor ao ver a espada da dor traspassando o seu coração (conforme a profecia de Simeão), mas ao mesmo tempo com o coração transbordante de alegria, pois Ela sabia que o seu Filho naquele momento estava cumprindo o Plano de Deus: reconciliar toda a humanidade, libertando-a da escravidão do pecado. Maria guardava viva em seu coração a promessa de seu Filho Jesus: de que ressurgiria no terceiro dia[2]. Ela não desanima e jamais perde a esperança porque está atenta ao essencial: depois da morte, vem a ressurreição, a vitória de Cristo.
O motivo de sua esperança é mais profundo que os sentimentos de dor pela morte do seu Filho querido. A fé de Maria na ressurreição faz dela uma testemunha da espera em Deus. “Ele reinará na casa de Jacó para sempre, e seu reinado não terá fim[3]” – dizia o arcanjo Gabriel. Não terá fim. Maria sabe, confia que a morte não terá mais a última palavra.
Maria, quebrada pela dor sensível, não sucumbe a seus devastadores efeitos, porque o auxílio divino chega ao alcance de sua madura e integrada personalidade centrada na fé, conseguida cooperando sempre com a graça; Maria, arrebatada como todo ser humano pela tragédia do momento, permanece, não obstante, contemplando no profundo com o olhar da fé, experimentando a alegria da realização das promessas. Ela, atenta à missão que o Filho lhe encomenda, olha o difícil do momento e contempla aos séculos que virão, ao horizonte de sua missão de maternidade espiritual.
Maria acreditou, teve fé, foi fiel apesar de tudo o que desafiava os sentidos e a mesma razão; foi fiel e na sua fidelidade viveu de maneira exemplar a esperança e não foi enganada.
Após aprofundarmos no coração cheio de esperança de Nossa Senhora podemos seguir o seu modelo e procurar viver assim. Devemos ter sempre esperança, confiarmos em Deus em todo o momento, especialmente nos momentos difíceis, onde a tentação do desânimo nos pode levar a afastar-nos do Senhor.
Peçamos então a Maria, Mãe da esperança: rogai por nós!
(por Diogo Fernando P. da Silveira)
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