O título de Mãe da Igreja, embora possua profundas raízes nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição, é relativamente recente na história do Povo de Deus. O seu grande impulsor foi o Beato Papa Paulo VI[1], seguido por São João Paulo II[2], embora antes deles Bento XIV[3] e Leão XIII[4] também o usaram, direta ou indiretamente. Hoje meditaremos sobre o significado deste título da nossa Mãe para cada um de nós, membros vivos da Igreja.
Primeira meditação: Maria, Mãe da Igreja.
Este título reflete a profunda convicção dos fiéis cristãos, que veem em Maria não só a Mãe da pessoa de Cristo, senão também dos fiéis. Aquela que é reconhecida como Mãe da salvação, da vida e da graça, Mãe dos salvados e Mãe dos viventes, com todo direito é proclamada Mãe da Igreja.
Digamos a Ela, com Santo Anselmo de Canterbury: “Tu és a mãe da justificação e dos justificados, a mãe da reconciliação e dos reconciliados, a mãe da salvação e dos salvos”[5].
Segunda meditação: a Mãe da Igreja na Anunciação
Ainda que atribuído tarde a Maria, este título expressa a relação materna da Virgem com a Igreja, tal como ilustram já alguns textos do Novo Testamento, entre eles o que narra a Anunciação. Nele vemos como, já desde a Anunciação, Maria está chamada a dar seu consentimento à vinda do reino messiânico, que se cumprirá com a formação da Igreja.
Terceira meditação: Nas bodas de Caná
Ao solicitar ao seu Filho o exercício do poder messiânico, dá uma contribuição fundamental para o enraizamento da fé na primeira comunidade dos discípulos, e coopera para a instauração do Reino de Deus, que tem seu germe e início na Igreja[6].
Quarta meditação: No Calvário
No Calvário Maria, unindo-se ao sacrifício do seu Filho, oferece à obra da salvação a sua contribuição materna, que assume a forma de um parto doloroso, o parto da nova humanidade. O evangelista João, presente naquele momento, afirma que Jesus devia morrer para “congregar na unidade todos os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,52), indicando no nascimento da Igreja o fruto do sacrifício redentor, ao qual Maria está maternalmente associada.
Cantemos: Mãe Nossa.
Quinta meditação: Na primeira comunidade de Jerusalém.
São Lucas fala da presença da Mãe de Jesus no seio da primeira comunidade de Jerusalém (ver At 1,14). Destaca assim a função materna de Maria para com a Igreja nascente, em analogia com a que teve no nascimento do Redentor. Assim, a dimensão materna converte-se em elemento fundamental da relação de Maria para com o novo povo dos redimidos.
[1] Discurso de clausura da terceira sessão conciliar, 21/11/1964: AAS 56 (1964), p. 37.
[2] Catequese do dia 17/9/1997.
[3] Bullarium romanum, série 2, t. 2, n. 61, p. 428.
[4] Acta Leonis XIII, 14, 302.
[5] Santo Anselmo de Canterbury, Oratio, 8: PL 158, 957A.
[6] Ver Lumen Gentium, 5.