É preciso obedecer aos anseios dos familiares ou devemos aprender com as próprias experiências?
Trata-se de um tema difícil de abordar. A sua formulação levanta várias perguntas: Qual família? Qual namoro? Quais anseios familiares? Qual tipo de aprendizado? Quais experiências? A verdade é que cada caso manifestará uma situação particular. E por ser tal a particularidade, não pretendemos esgotar o assunto com simples reflexões gerais. Em todo o caso, podem ser colocadas algumas ideias para abrir o diálogo.
Todo diálogo – e toda discussão – tem um contexto. Sem o contexto perde-se parte importante da mensagem. Então, de que forma está acontecendo esta situação de “minha família é contra o meu namoro”?Ou talvez, de forma mais concreta: Qual é a minha idade? Quão séria é essa relação? Onde nos conhecemos? Faz quanto tempo que nos conhecemos? Faz quanto tempo que nos conhecemos? Quantas experiências sérias de namoro já tive? Está me fazendo bem a relação? Está me ajudando a amadurecer como pessoa? Há outras pessoas (além da minha família) que são contra esse namoro? E talvez perguntas que são mais difíceis de responder porque implicam em muita sinceridade: Em que etapa de amadurecimento me encontro? Estou pronto para levar essa relação dessa forma? O que estou buscando nesse namoro? Quem é essa pessoa? Como está a relação com a minha família?
Isto tudo para expressar que estes casos não são tão simples como resolver uma conta de soma e subtração. Não é um problema de álgebra que se resolve no quadro. É talvez como assistir a uma pessoa fazendo um bordado artístico, só que vendo a costura por trás. Percebo alguma coisa, posso intuir a beleza da obra, mas é claro que minha visão não é completa, pelo menos não ainda. Talvez esta seja a chave: buscar uma imagem completa. Isto é atingido através do diálogo. O que pode ser difícil, mas é um ponto vital para poder avançar em alguma (boa) direção. Que minha família seja contra esse namoro, o que diz para mim? Que ainda assim eu queira continuar, significa o quê, no hoje da minha vida?
No fundo dessa situação toda, se encontra a pergunta pela liberdade. Acho muito boa a seguinte distinção entre o livre arbítrio e a liberdade: “pelo livre arbítrio, cada qual dispõe de si. A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e de maturação na verdade e na bondade” (CEC, 1731). Não são opostas, mais uma não equivale à outra. Quer dizer, embora eu possa fazer algo, não significa necessariamente que esteja sendo livre quando o faço. A verdadeira direção da liberdade é a verdade e o bem. Por isso é necessário ser muito honestos a respeito de nós mesmos e do que significa esse namoro (não é raro que um jovem mantenha uma relação “proibida” pelo simples fato de ser tal). E também do bem real que está fazendo à minha vida, à vida da pessoa que namoro, à minha família, aos meus amigos, aos meus relacionamentos em geral.
Na minha opinião, o critério fundamental é o bem, que nem sempre é fácil de reconhecer ou de aceitar. Ele indica a direção da liberdade: “Quanto mais o homem fizer o bem, mais livre se torna” (CEC, 1733). Por que não fazer coisas boas junto à pessoa com a qual vivo o namoro? Por que não tentar fazer juntos o bem para a minha família, embora ela seja contra essa relação? O bem pode ser muito revelador a respeito das verdadeiras intenções dos nossos corações. Pode manifestar de que verdadeiramente é feita essa relação.
Tentando concluir, afirmaria que: o que dá direcionamento à liberdade é a verdade e o bem, portanto faz-se necessário investir neles. Tendo um namoro – seja a família contra ou não – é importante acolher os anseios e os conselhos da família e das pessoas com as quais tenho relações importantes. É importante aprender da própria experiência. E sobretudo, a verdade e o bem precisam dar direção à minha busca. Lembrando que em alguns casos a verdade vai revelar que, pela minha idade ou pelo meu contexto atual, preciso sim obedecer ao que meus pais – ou os que fazem as vezes deles – pedem. É preciso não esquecer que “a liberdade exercita-se nas relações entre seres humanos” (CEC, 1738), e assim o mais importante nestas situações é abrir o diálogo.