Nestes primeiros dias de Dezembro, em pleno Advento, é costume montar o Presépio em nossas Casas, ainda com a manjedoura vazia.
Meditamos hoje, na oração do Terço, nas imagens do Presépio e as lições que elas nos dão para a nossa vida cristã. O fazemos em companhia de Maria, ao ritmo dos mistérios gozosos do Santo Rosário.
(Depois de feito o anúncio de cada mistério e a leitura da passagem da Sagrada Escritura, recomenda-se colocar num lugar de destaque as figuras do presépio das quais fala cada mistério. A ideia é que, no final do Terço, o Presépio completo já esteja montado).
Primeiro mistério: O Anjo do presépio.
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26).
Os Anjos desempenham um papel importante na história da salvação. Gabriel, por exemplo, a quem lembramos neste primeiro mistério, é o portador da notícia mais importante que a humanidade já recebeu. Os Anjos, assim como nós, são criaturas pessoais, inteligentes e livres, capazes de dialogar com Deus e adorá-lo, de participar na comunhão divina de amor. A presença do Anjo no presépio nos lembra da imensa alegria no Céu pelo Sim de Maria e pela encarnação do Verbo no seu ventre puríssimo. Assim também se alegra o Céu sempre que nós dizemos sim ao Plano de Deus e inclusive a Igreja nos ensina que cada um de nós tem um Anjo da Guarda, com a missão divina de ajudar-nos a pronunciar esse sim.
Segundo mistério: Maria e José
“Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”” (Mt 1,20-21).
Isabel, assim como Maria, sabia que para Deus nada era impossível. É por essa razão que casa de Isabel representa para Maria lugar privilegiado de missão, no qual as pessoas estavam dispostas para acolher a Boa Notícia. Tanto é assim, que não serão necessárias as palavras; a simples presença de Maria será suficiente para Isabel, quem reconhece em Maria a Mãe do seu Senhor assim que recebe a sua saudação. Assim também José, avisado em sonhos, não precisará de explicações. Sem saber, inicialmente, qual seria o seu papel com relação ao fruto bendito do ventre de Maria, responde prontamente à missão que Deus lhe encomenda de ser pai adotivo de Jesus. Estas duas imagens, as de Maria e José, que agora compõem o Presépio, nos lembram da abertura a Deus, da disponibilidade que todos nós estamos chamados a viver para acolher Jesus em nossas vidas.
Terceiro mistério: Os pastores, os animais, os reis.
“Quando os anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: “Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer”” (Lc 2,15).
A tradição representa sempre no presépio o boi e o burrinho. A presença destes animais nos lembra que toda a criação espera, como dizia São Paulo, pela plena manifestação dos filhos de Deus. O mistério da Encarnação e o Nascimento de Jesus em Belém é, sem dúvidas, um momento crucial nesse processo, no qual Deus bate à porta da humanidade buscando acolhida, e que continua se realizando na vida de cada um de nós. Os pastores são as pessoas simples e vigilantes, acostumadas ao silêncio e à oração, prontos para responder ao chamado de Deus. Os sábios do oriente nos lembram, por sua vez, aqueles que buscam a verdade e não temem encarar o mistério da vida humana, formulando aquelas perguntas sem resposta, que somente Deus pode responder. Veem a sua vida como uma aventura e não se conformam com respostas parciais, empreendem um longo caminho de esperança, que culmina na adoração do Menino Jesus.
Quarto mistério: Os pobres do Senhor
“Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Após a virgindade viveu sete anos com o marido; ficou viúva e chegou aos oitenta e quatro anos. Não deixava o Templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações. Como chegasse nessa mesma hora, agradecia a Deus e falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc 2,36-38).
Ana e Simeão reconhecem naquele Menino, apresentado no Templo pelo Jovem Casal, José e Maria, o Messias esperado por Israel. Eles fazem parte de um grupo seleto, o dos anawin, os pobres do Senhor. Muitos, com efeito, tinham se afastado de Deus e tinham construído uma imagem mundana do Messias, que viria com o barulho e a pompa que os poderosos deste mundo gostam tanto. Estas visões mundanas do Messias e da realidade como um todo sempre se filtram sorrateiramente, caladamente. É um descuido na oração, é um ativismo em aparência bom, é o centro das nossas vidas que vai se deslocando de um coração entregue ao Senhor para um coração cheio das preocupações deste mundo, do poder, do ter, do possuir prazer. Este mistério não acrescenta imagens de gesso, mas cada um de nós, o nosso desejo de também fazer parte do Presépio, em pleno século XXI, qual novos anawin, sedentos de Deus.
Quinto mistério: Jesus, o Messias Esperado
“E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura” (Lc 2,45).
A manjedoura vazia nos lembra hoje aqueles três dias em que José e Maria procuraram o Senhor até que o encontraram, na porta do Templo. Lembra-nos também do vazio do nosso coração quando estamos longe do Senhor. Neste tempo de Advento temos a oportunidade de viver uma profunda conversão, limpando a manjedoura que é o nosso coração para acolher o Menino Jesus, que nela quer nascer. Vivemos um tempo propício para viver a dinâmica da esperança cristã, pondo-nos a caminho rumo ao Céu, do qual Belém é uma imagem, um adiantamento, uma estação necessária de passagem.