Gostaria de falar com vocês sobre um tema que parte de minha própria experiência e acredito seja a de todos vocês. Quem não se experimentou fraco, sem esperanças, triste após cometer um grave pecado, tendo a ideia de que não é possível recuperar-se? Fica aquela sensação de vazio, insegurança, que nos faz muitas vezes perder até a confiança em si, levando a autoestima lá embaixo.
Para resolver essa situação de falta aparecem algumas atitudes possíveis: ser um amargurado que deixa de apostar nas pessoas (porque não se aposta nem em si mesmo), ser um inconsciente ou um indiferente que prefere “deixar a vida levar”, negando qualquer limite, qualquer referência de valor. Deixa de se acreditar num amor verdadeiro, um amor que dure para sempre. Então a solução é buscar várias experiências que no fundo buscam preencher esse vazio. O problema é que nunca consegue e vai se afundando cada vez mais na areia movediça até o ponto que seja tarde demais. Nos dois casos se trata de uma vida sem sentido. Acho que não queremos isso para a gente, não é verdade?
Mas há outra atitude possível, que é a que eu procuro ter sempre: humildemente levantar o olhar e lembrar que há alguém que me ama imensamente e que esse amor é muito mais forte que as minhas quedas, os meus pecados. É um amor inclusive mais forte que a morte. Deus me ama e sempre me dá uma nova chance. Ele perdoa incondicionalmente todos os meus pecados.
Ao lembrarmos alguns encontros de Jesus com grandes pecadores (a samaritana, a mulher adúltera, Zaqueu, dentre outros) ou da parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32) percebemos o quanto Jesus nos ama. Ele recebeu cada pecador que se encontrou com misericórdia, tendo compaixão, oferecendo perdão e salvação. A todos Jesus ofereceu uma nova oportunidade de recomeçar, até para os seus mais próximos que o traíram, que é o caso de São Pedro. A atitude de Jesus para com Pedro pode nos gerar até um certo desconcerto. Como assim confiar toda a sua Igreja a um cara que o negou três vezes? Fazê-lo o nosso primeiro Papa? Se pensarmos com a lógica do mundo isso seria inadmissível. O correto era Pedro pagar por essa grande traição e não lhe ser confiado nem um pequeno grupo de discípulos. Mas a lógica de Deus é diferente…
A lógica de Jesus é de um amor incondicional, que não pede nada em troca, que não se fixa no tamanho do pecado, senão que busca a todo custo resgatar a pessoa e renová-la. Para Jesus não interessa se você caiu uma ou mil vezes. Se você o busca de coração sincero e arrependido, Ele sempre te dá uma nova chance, sempre te faz uma nova pessoa, melhor do que antes. O seu amor é bem diferente do amor do mundo, que mede o quanto se entrega, que custa perdoar e esquecer uma ofensa sofrida ou algum erro cometido.
Como não maravilhar-me ao perceber-se tão amado, um amor tão grande que dá a vida por mim? A resposta natural ao experimentar-se tão amado é querer corresponder a esse amor. Mas como posso corresponder a esse amor de Jesus e assim poder amar cada dia mais a mim e aos demais?
O Papa Francisco nos deixou durante a JMJ uma boa dica, a oração: “Perguntem a Jesus, falem com Jesus. E se cometerem um erro na vida, se tiverem uma escorregadela, se fizerem qualquer coisa de mal, não tenham medo. Jesus, vê o que eu fiz! Que devo fazer agora? Mas falem sempre com Jesus, no bem e no mal, quando fazem uma coisa boa e quando fazem uma coisa má. Não tenham medo d’Ele!”
Lembremos também que temos uma mãe que nos ama. Peçamos sempre a intercessão da Mãe de misericórdia.
Alguns dicas para crescer no amor:
– Dedique um tempo diário para a oração, buscando ser cada dia mais amigo de Cristo;
– Peça perdão e perdoe todos aqueles que te feriram;
– Busque constantemente renovar-se através do Sacramento da Reconciliação;
– Participe da Santa Missa, pois o encontro pessoal com Cristo sacramentado faz com que o nosso coração cresça;
– Comprometa-se com os demais, especialmente os mais carentes. Faça um serviço solidário.