O que são as cinco chagas de Cristo?

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As chagas de Cristo são as feridas infligidas a Ele durante a Crucifixão: nas mãos, nos pés e no lado. Sabemos pelas, Sagradas Escrituras, que o Senhor Jesus Ressuscitado aparece aos Apóstolos, quando eles estavam trancados por medo aos judeus, e mostra a eles as suas chagas, o que é para eles fonte de esperança e de paz (Cf. Jo 20,19-21). Depois Tomé, que não se encontrava presente nesta aparição, recupera a sua Fé quando coloca a sua mão no peito do Senhor e toca as feridas das mãos (Cf. Jo 20,27).

Mais tarde São Pedro, dirigindo-se aos cristãos em uma das suas cartas, diz que “por suas chagas fomos curados” (1Pd 2,24) e São Paulo dirá aos Corintos que julgou “não dever saber coisa alguma entre eles, “senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2,2), o que remete também às cinco chagas do Senhor.

Santo Afonso Maria de Ligório liga a devoção às cinco chagas à passagem de Isaías, que anuncia “todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas” (Is 55,1), considerando precisamente as chagas como essas fontes, de misericórdia, de esperança e de amor.

Numerosos santos e santas cultivaram esta devoção. Entre eles, provavelmente a primeira foi Maria, quando recebeu nos seus braços o seu Filho descido da Cruz, antes do seu sepultamento. A cena desta devoção às cinco chagas é perpetuada por tantas representações da Pietà, notadamente aquela feita por Michelangelo. Também São Bernardo, que em sonhos encontrou nas chagas de Cristo esperanças de alcançar o céu, e São Francisco, que gostava de esconder-se nas fendas da terra, como um símbolo exterior do seu estar interiormente escondido nas chagas de Cristo.

Sabemos que o sangue e a água que brotam do lado aberto de Jesus simbolizam os Sacramentos da Igreja, especialmente o Batismo e a Eucaristia, que são os fundamentos de toda a nossa vida cristã.

Do lado aberto de Cristo, pendente na Cruz, o Pai fez nascer a Igreja, assim como do lado aberto de Adão fez nascer Eva. A devoção das cinco chagas pode ajudar-nos a ser cada dia mais conscientes e gratos a essa fonte perene de vida, que nos sustenta desde o nosso Batismo.

A devoção às cinco chagas de Cristo é uma expressão do nosso amor de adoração à divindade-humanidade do Senhor. Ele é verdadeiramente Deus e homem. Sofreu e morreu verdadeiramente na Cruz para depois ressuscitar. As suas chagas são um recordatório sensível desses acontecimentos centrais da nossa Fé, que alcançam todo homem e mulher com a sua força salvadora. O único requisito é abrir a porta ao Senhor que bate.

Em belíssimo soneto castelhano, Lope de Vega diz em certo momento que “Ó quanto foram as minhas entranhas duras/se da minha ingratidão o gelo frio/secou as chagas das tuas plantas puras”. O Senhor, que nunca deixa de nos buscar, sempre bate com respeito à nossa porta, e o faz com mãos e pés feridos, com o lado traspassado pela lança. Basta que nós abramos, com corações livres, para receber, como os Apóstolos no senáculo, a paz que somente Ele pode nos dar.

Martin Ugarteche Fernández
Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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