Por João Antônio Johas Leão
Nesse clima de Olimpíadas é muito emocionante ver como os atletas se esforçam por alcançar suas metas. Passam horas, dias e anos treinando para um momento que, em alguns esportes, pode ser muito curto, mas que é o instante que ficará eternizado em suas memórias. Se conseguem a medalha de ouro, parece uma confirmação de tudo o que fizeram, de todo o esforço, das renúncias, das dificuldades ultrapassadas. Mas e quando esse momento não chega da maneira como se espera? Quando se deparam com a derrota? Terá sido tudo em vão?
Se na vitória é fácil agradecer a Deus por tudo o que aconteceu até ali, na derrota pode ser um pouco mais difícil perceber a presença divina. Mas Ele está presente em cada um de nós, completamente comprometido com a experiência de cada um, seja ela de euforia ou de dor. Mas porque os caminhos de Deus muitas vezes não são os nossos, pode ser difícil entender porque Ele permite algumas coisas e outras não.
A vitória ou a derrota em determinado esporte ou, em um olhar para além do mundo esportivo, em qualquer situação da nossa vida precisa ser vista como parte da vida cristã. Na vida cristã, a única meta é a salvação, o encontro pleno com Deus. Tudo o que acontece durante esse tempo de peregrinação que possuímos aqui na Terra precisa ser visto desde essa perspectiva. Em outras palavras, a medalha que realmente buscamos é aquela imperecível da qual fala São Paulo em sua carta aos Coríntios.
Isso não faz com que a derrota seja menos dolorosa ou de fácil compreensão. Mas nos permite ter a certeza de que tudo o que acontece, por mais difícil que seja, pode servir para que na batalha mais importante, a da nossa vida cristã, saiamos vitoriosos. E se olhamos para Jesus isso fica um pouco mais claro. Quando Ele morre na cruz, podemos dizer que, desde uma perspectiva meramente humana, sofreu a mais dura das derrotas. Certamente não foi fácil tomar aquele Cálice, lembremos de sua oração: “Pai, se for possível, afasta de mim esse cálice, mas que seja feita a vossa vontade”.
E sabemos que fruto dessa “derrota” é a salvação de todo o gênero humano. Assim também podem ser as derrotas desses atletas, ou as nossas em nosso dia a dia. Elas têm esse poder de, unidas a Jesus, serem redentoras para nós e para os que estão ao nosso redor. E essa redenção é a maior das vitórias que podemos alcançar aqui na Terra.
Se é difícil falar que Deus quer a nossa derrota, podemos estar certos de que Ele se alegra com a nossa alegria verdadeira e se compadece com o nosso sofrimento. Nas duas extremidades está Ele presente, ainda que seja mais fácil percebê-Lo na primeira. E talvez apenas o esforço por encontrá-lo quando tudo parece dizer que Ele se afastou de nós, seja mais valioso do que qualquer vitória que pode fazer-nos esquecer ainda mais da sua presença em nossas vidas.