Meditamos hoje, da mão de Maria Mãe dos apóstolos, na missão apostólica a partir dos mistérios gloriosos do Santo Rosário, pedindo a intercessão de Nossa Senhora por todo o apostolado que realizamos.
Primeiro mistério: o kerygma apostólico
“E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados. Se temos esperança em Cristo tão-somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,17.19)
Ao meditarmos sobre a insistência no anúncio, não poderia faltar uma meditação sobre o conteúdo essencial desse anúncio, que é a ressurreição de Jesuscristo, o mesmo que nasceu de Maria Virgem e foi morto e crucificado por Pôncio Pilatos. Como dizia São Paulo, se abrirmos mão deste núcleo fundamental, vã é a nossa fé. Por isso, o cristão é alegre e otimista, porque o seu olhar sobre a realidade, sem desviar-se do mistério da iniquidade, sabe que o amor de Cristo venceu a morte e o pecado, trazendo esperança de vida eterna para todo o gênero humano.
Segunda meditação: Instaurar tudo em Cristo
“E disse-lhes: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”” (Mc 16,15).
Na passagem da ascenção, todos os cristãos, e não apenas os que presenciaram esse acontecimento, fomos enviados pelo Senhor para ir por todo o mundo, pregando o Evangelho a toda criatura. Depois que o Senhor subiu aos ceús, uns anjos perguntaram aos presentes: o que fazeis olhando para o céu? A missão tinha já começado e continua até o fim dos tempos, possuindo um caráter de urgência. Todas as realidades, a cultura e as culturas, as pessoas que nela vivem, todas as criaturas, gemem com dores de parto esperando a manifestação dos filhos de Deus, esperando ser alcançadas por seu amor reconciliador.
Terceiro mistério: o Espírito Santo, protagonista da missão apostólica
“No entanto, eu vos digo a verdade: é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se eu for, enviá-lo-ei a vós. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará coisas futuras” (Jo 16,7.13).
No dia de Pentecostes é enviado o Espírito Santo à Igreja, que perseverava em oração, sob a guia maternal de Maria, assim como nós hoje, na oração deste terço. Desde aqueles primeiros momentos da história da Igreja, é o Espírito Santo o protagonista principal da gesta evangelizadora, do apostolado de todo cristão. Esta é uma fonte de consolo para todos nós, que ficamos pasmados ao constatar a desproporção entre a grandeza da missão e a nossa pequenez pessoal. Abramos por isso o coração ao Espírito, Senhor e dador da vida, para que o nosso apostolado seja sempre superabundância de amor, comunicação da autêntica vida que Deus nos dá pela sua Igreja.
Quarta meditação: Maria e o primeiro campo de apostolado
“Jesus, vendo a sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu Filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,26-27).
Maria ocupou um lugar protagonista na nascente Igreja, antes da sua Assunção, e o segue ocupando hoje, já assunta aos Céus. É muito bela a imagem de apóstolo João, acolhendo Maria na sua casa, como sua Mãe, depois da Paixão. Quem não fizer o mesmo não poderá chamar-se de pleno direito cristão, já que estaria rejeitando o testamento do próprio Senhor, a filiação mariana como um caminho de conformação com Cristo. Quando João e André seguiram Jesus até sua casa, aquela tarde em que o Senhor lhes perguntara Que buscais?, eles encontraram lá também Maria, quem perfumava e enchia de aconchego maternal a casa do Senhor. Que a nossa casa, a nossa vida, o nosso coração, sejam sempre assim também, como o do Senhor, como o de João depois, deixemos que Maria tenha também um papel protagonista em nossas vidas, deixemo-la guiar-nos para mais perto do coração do seu Filho, essa é a maior alegria da Nossa Mãe, essa é a sua missão.
Quinta meditação: A espiritualidade de Maria e o apostolado
“Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1).
Não há confirmação mais contundente que este último mistério da segurança que experimenta todo aquele que se decide a viver a espiritualidade de Maria no seu dia a dia. Trata-se de um caminho que será, com toda certeza, coroado com a glória eterna no Céu. É o caminho de viver sempre na escuta atenta da Palavra de Deus, de acolher essa mensagem sempre no mais íntimo do coração, e de torná-la vida traduzindo-a em ações concretas que são um sim constante ao Plano de Deus. Peçamos a intercessão de Maria para nunca afastar-nos desse caminho seguro e formoso que nos leva, de mãos dadas com Ela, à comunhão eterna com a Santíssima Trindade no Céu. Peçamos que todo nosso apostolado, nos seus diferentes campos, brote de um coração que vive a espiritualidade de Maria.