O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística, nesta sexta-feira (20/04), no Porto de Molfetta, na Puglia, no 25º aniversário de morte do Servo de Deus Dom Tonino Bello.
Em sua homilia, o Pontífice destacou dois elementos centrais para a vida cristã: o pão e a palavra.
“O pão é o alimento essencial para viver e Jesus no Evangelho se oferece a nós como Pão da vida e usa expressões fortes: comam a minha carne e bebam o meu sangue.”
“O que isso significa? Que para a nossa vida é essencial entrar em relação vital, pessoal com Ele. Carne e sangue.”
“A vida cristã recomeça toda vez daqui, desta mesa, onde Deus nos sacia com amor. Sem Ele, Pão da vida, todo esforço na Igreja é em vão, como recordava Dom Tonino Bello: «As obras caritativas não bastam, se falta a caridade das obras. Se falta o amor do qual as obas começam, se falta a fonte, se falta o ponto de partida que é a Eucaristia, todo compromisso pastoral é apenas um cata-vento».”
“Dom Tonino foi um bispo servo, um pastor que se fez povo. Sonhava uma Igreja faminta de Jesus e intolerante a toda mundanidade, uma Igreja que «sabe decifrar o corpo de Cristo nos tabernáculos desconfortáveis da miséria, do sofrimento e da solidão». Ele dizia, «a Eucaristia não tolera o sedentarismo» e sem se levantar da mesa permanece «um sacramento incompleto».
“Doo na vida o que recebo na missa? Como Igreja poderíamos nos perguntar: depois de tantas comunhões, tornamo-nos pessoas de comunhão?”
O Papa frisou que “o Pão da vida, pão partido é também Pão de paz”. Dom Tonino dizia que «a paz não vem quando uma pessoa pega somente o seu pão e vai comê-lo sozinho. […] A paz é algo mais: é convivência». É «comer o pão junto com os outros, sem se separar, colocando-se à mesa entre pessoas diferentes, onde o outro é um rosto a ser descoberto, a ser contemplado e acariciado», pois os conflitos e todas as guerras «encontram raízes na dissolução dos rostos».
“Junto com o Pão, a Palavra”, disse Francisco. “O Evangelho apresenta discussões ásperas em torno das palavras de Jesus: ‘Como pode esse homem dar-nos a sua carne para comer?’ Existe um ar de derrota nestas palavras. Tantas palavras nossas se assemelham a estas: como o Evangelho pode resolver os problemas do mundo? Para que serve fazer o bem em meio a tanto mal? E assim caímos no erro daquelas pessoas, paralisadas ao discutir as palavras de Jesus, em vez de estarem prontas para acolher a mudança de vida por Ele pedida. Não entendiam que a Palavra de Jesus é para caminhar na vida, não para se sentar e falar daquilo que funciona ou não.”
“Dom Tonino, no Tempo da Páscoa, convidava a acolher esta novidade de vida, passando das palavras aos fatos. Por isso, exortava quem não tinha a coragem de mudar: «os especialistas da perplexidade. Os contábeis pedantes dos prós e contras».”
“Depois de ter encontrado o Ressuscitado é preciso sair, não obstante todos os problemas e incertezas. Em toda celebração eucarística nutrimo-nos do Pão da vida e da Palavra que salva. Vivemos o que celebramos. Como Dom Tonino seremos fontes de esperança, alegria e paz”, concluiu Francisco.