Em certa ocasião, um grupo de fariseus e saduceus fez um pedido a Jesus, semelhante ao título do nosso artigo de hoje. Eles pediram ao Senhor um sinal.
A resposta de Jesus foi muito dura: “Geração má e adúltera! Reclama um sinal, e de sinal não lhe será dado senão o sinal de Jonas”. (Mt 16,4)
O sinal de Jonas é mencionado também no mesmo Evangelho, no qual se explicita que, “como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites, assim ficará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). Segundo os comentaristas da Bíblia de Jerusalém, nesta explicação, Jesus “anuncia, de modo velado, seu triunfo final”. (p. 1726)
Voltando ao pedido dos fariseus e dos saduceus, Mateus comenta que o fizeram “para pô-lo à prova”. (Mt 16,1) Um pouco mais adiante, Jesus mesmo adverte os seus discípulos: “Cuidado, acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus!” (Mt 16,6).
Mas, afinal de contas, o que são estes “sinais” que os judeus pedem?
Assim como Moisés, que foi enviado por Deus para libertar os israelitas do jugo dos egípcios, Jesus foi enviado pelo Pai para dar vida aos homens. Assim como Moisés, a quem Deus concedeu realizar “sinais”, para que os judeus acreditassem que ele era realmente seu enviado, Jesus realiza milagres que provam a sua missão.
No evangelho de João, por exemplo, são seis estes milagres, dos quais os dois primeiros e o último são dados como “sinais”, pelos quais as multidões seguem Jesus. O “sinal” por excelência é a ressurreição, na qual, pelo seu poder, Ele retorna à vida (Jo 10,17-18).
Os comentaristas da Bíblia de Jerusalém novamente nos ensinam um pouco sobre os “sinais”. Dizem eles que “não é preciso dar demasiada importância aos “sinais” (cf. Jo 4,48; 20,25.29); é definitivamente a Sua Palavra, a mensagem que ele nos transmite da parte de Deus, que nos deve ligar a Ele (Jo 4,40-42)” (p. 1836).
Como mostra disso, depois do “sinal” da multiplicação dos pães, somente os doze permanecem fiéis a Jesus, porque “somente Ele tem palavras de vida eterna” (Jo 6,66-69).
Com certeza em nossa vida Deus também nos concede “sinais”!
Às vezes o que falta é que estejamos mais atentos. Deus está agindo constantemente, derramando seu Espírito sobre nós. Ele sai ao nosso encontro, através de pessoas, situações e até mesmo por meio de pensamentos e sentimentos do íntimo do nosso coração. A participação nos Sacramentos, especialmente a Eucaristia, são momentos privilegiados para perceber essa ação de Deus em nossas vidas.
Mas, mesmo quando não somos capazes de perceber, é necessário que renovemos a nossa fé e o nosso sim ao Senhor, como os discípulos depois da multiplicação dos pães. Que repitamos de coração: “A quem Senhor iremos, somente Tu tens palavras de vida eterna”. Nos dias nublados, por mais que não vejamos o Sol, sabemos que Ele está por trás das nuvens, dando-nos Seu calor e Sua luz.