Meditamos hoje no dom da vida, não apenas aquela natural, na qual nos inclinamos a pensar em primeiro lugar, mas, sobretudo aquela sobrenatural que somente Deus pode nos oferecer em Cristo.
Primeiro mistério: Anunciação e Encarnação
“Disse então Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra! E o Anjo a deixou” (Lc 1,38).
Embora estejamos biologicamente vivos, podemos estar espiritualmente mortos quando vivemos de costas a Deus, como se Ele não existisse. A vida é plena quando se abre ao sobrenatural, a Deus, que está sempre batendo a nossa porta (cf. Ap 3,20). Viver de verdade é dizer sim a Deus sempre, como Maria fez na Anunciação. Os frutos desse Sim na sua vida são palpáveis: em primeiro lugar o próprio Senhor Jesus, a Vida, que agora habita no seio virginal de Maria.
Segundo mistério: A Visitação
“Sim! Doravante as gerações todas me chamarão bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,48-49).
Quem vive fechado em si mesmo, pensando somente em satisfazer as suas necessidades, aos poucos vai morrendo, vai murchando na sua humanidade. O homem só se entende a si mesmo, só se realiza plenamente, no sincero dom de si aos demais. Maria dá no Magnificat testemunho dessa vida plena, intensa, porque vivida em chave de serviço aos demais, em concreto, a sua prima Isabel, mas também a todos os seres humanos, carregando em seu ventre a própria Vida, o Reconciliador da humanidade.
Terceiro mistério: O Nascimento de Jesus em Belém
“Foram então às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16).
A pobre estrebaria de Belém serve de casa para a Sagrada Família: José, Maria e o Menino Deus, recém nascido. A cena nos lembra da importância da família e da abertura à vida, enraizada na confiança em Deus. O nascimento de uma criança, uma nova vida, é sempre fonte de esperança. Ainda mais no caso de Jesus, Messias por tanto tempo esperado. A pobre estrebaria de Belém simboliza também a Igreja, Casa de Deus e de todos os homens, a ela acorrem pastores e reis, em busca da Vida, que Maria acalenta nos braços e mostra para todos nós.
Quarto mistério: A apresentação no Templo
“E havia em Jerusalém um homem chamado Simeão que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele” (Lc 2,25).
A vida nesta terra é passageira e somente tem sentido quando se abre à vida sobrenatural, à graça de Deus, que não acaba com a morte, mas frutifica em eternidade. Simeão e Ana, anciãos que esperavam o Messias, estão centrados em Deus e seus promessas. Por isso buscam e esperam como se fossem jovens, e se deixam encontrar por Jesus no caminho. Sejamos como eles, como Maria, como os pobres do Senhor, que não se apegam ao passageiro, que vivem em função da vida eterna.
Quinto mistério: o Menino Jesus com os doutores
“Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera” (Lc 2,49).
O alimento do Senhor foi sempre cumprir o Plano do Pai. Isto já é perceptível na cena que meditamos, quando Jesus era apenas um menino. É manifestação da comunhão da Santíssima Trindade, do amor que o Pai tem pelo Filho e que o Filho tem pelo Pai. Assim como Maria, meditemos no coração tão profundo mistério, que é também alimento para todos nós, fonte de vida. Criados a imagem e semelhança de Deus, que é comunhão divina de Amor, somente nos realizamos e vivemos plenamente quando também amamos: Deus, retamente a nós mesmos, aos nossos irmãos e à criação toda.