Meditamos hoje em companhia de Maria, Mãe da Reconciliação, sobre o dom da Reconciliação que o Senhor Jesus nos trouxe e que estamos chamados a acolher no dia a dia das nossas vidas.
Santa Maria, primícias da Reconciliação.
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”” (Lc 1,28).
Os judeus chamavam primícias aos primeiros frutos da colheita, que sempre eram motivo de ação de graças a Deus e esperança da boa qualidade do resto da colheita. Santa Maria, preservada do pecado original com vistas a ser mãe do Reconciliador, é considerada, de maneira análoga, como primícias da Reconciliação. Ao longo da sua vida ela sempre acolheu livremente esse dom, como na Anunciação, quando responde com um Sim generoso e firme ao Plano de Deus, confirmado uma e outra vez ao longo da sua vida.
Santa Maria, artesã da Reconciliação.
“Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41).
Reconciliada com Deus e consigo mesma, Maria também vive a Reconciliação com seus semelhantes. Quantas vezes no seio das famílias há conflitos, incompreensões, rancores e afastamentos. Maria, pelo contrário, supera as distâncias geográficas para visitar a sua prima Isabel, para ajuda-la na sua gravidez. Isabel, por sua vez, reconhece que Maria é bendita entre as mulheres e que bendito é o fruto do seu ventre. O Senhor é com Ela, e por isso a sua presença irradia reconciliação. Peçamos a Deus que a nossa presença no mundo possa ser também reconciliadora, que sejamos como Maria artesãos de Reconciliação.
O nascimento do Reconciliador
“Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o povo dos seus pecados”” (Mt 1,20).
O Menino Jesus, nascido em Belém, é o Reconciliador da humanidade. Por fim chega a realização das promessas, por tanto tempo esperada. Porém, muitos esperavam um Messias diferente de Jesus de Nazaré, um libertador político que libertaria Israel da opressão do invasor romano. O Senhor veio para libertar-nos de inimigos muito mais poderosos: o pecado e a morte. Mas isso, desde um olhar mundano é, ou muito (porque tal feito somente Deus poderia realizar) ou muito pouco.
Jesus, um presente para toda a humanidade.
“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém a fim de apresenta-lo ao Senhor” (Lc 2,22).
Maria e José não fazem o que todo casal judeu com seu primogênito. Eles não o resgatam, mas o apresentam a Deus, o dão, por dizer assim “de presente”. Reconhecem que o Menino não é só para eles, mas para toda a humanidade. Sabem que sua missão é “libertar o povo dos seus pecados”. O mesmo movimento natural acontece com todos os que encontram Jesus e recebem o dom da Reconciliação, querem compartilhá-lo com todos, por meio do apostolado e da oração constantes, para que mais corações sejam reconciliados por Deus.
Jesus com os doutores
“Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; a todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas” (Lc 2,46-47).
A passagem nos mostra Maria e José como pessoas que seguem um caminho, um processo de formação na Fé. Ela nos lembra que o seguimento de Jesus, a acolhida da Reconciliação, é um processo, no qual cada vez mais podemos abrir nossos corações ao dom da Reconciliação. Na procura de Jesus, eles chegam à entrada do Templo, que era a casa do Pai e a casa do Filho, Jesus. Que o seguimento do Reconciliador nos leve também sempre à Igreja, hoje a casa de Deus, dispensadora da Reconciliação sacramental e dos demais sacramentos, ela mesma Sacramento de união de Deus e do homem e dos homens entre si.