São Pedro e São Paulo – O que significa ser coluna da Igreja?

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Na solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo lembramos que esses dois santos são pilares da Igreja. Um pilar, em uma construção, é importantíssimo para a sustentação de toda a obra. Na hora de reformar a casa, por exemplo, os pilares não podem ser tocados, sob o risco de que se venha abaixo toda a obra. Eles devem ser robustos e precisam aguentar a intempéries sem ceder. Não pensamos neles em todo momento, mas de alguma maneira podemos dizer que confiamos em que eles vão cumprir com o seu papel. Se não fosse assim, não teríamos a segurança de viver debaixo do teto dessa casa.

Um olhar rápido pode, então, pensar que Deus escolheu suas colunas equivocadamente. Pedro e Paulo (E também todos os outros apóstolos) não são, digamos, perfeitos. Muito pelo contrário. Conhecemos a história de Pedro que muitas vezes parece não entender o que está acontecendo com Jesus. Repreende o Senhor, não se deixa lavar os pés a princípio, depois quer se lavar totalmente, caminha sobre as águas, mas logo começa a afundar por falta de fé e chega, inclusive, a negar o próprio amigo por três vezes. São Paulo não fica atrás, foi, como sabemos, um intrépido perseguidor de cristãos até que o Senhor o convoca no caminho para Damasco.

Porque Deus é assim? Os desígnios de Deus são realmente um mistério. Desde um olhar mundano talvez poderíamos ver muitas outras pessoas mais capazes, mais inteligentes, com uma fé aparentemente maior. Mas Ele escolhe aquele que Ele quer. Simples assim. Ele não diz porque esse ou aquele, mas disse que escolhendo os que não seriam a primeira escolha de ninguém a sua força é a que resplandece. Como na bonita história de Gedeão, no capítulo 7 do Livro dos Juízes. Ele tinha todo um exército para derrotar seus inimigos, mas, contra todo bom senso, Deus diz que o exército era grande demais “para eu dar aos madianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou” (Jz 7,2). Ele pede então que Gedeão mande vários para casa e somente quando o número de combatentes é muito inferior ao dos inimigos, Deus permite a batalha. Saem vencedores e não há dúvida: Deus foi quem deu a vitória.

E nós somos assim mesmo. Quando as coisas começam a dar muito certo, quando os projetos avançam de vento em popa, somos muito rápido para esquecer-nos da Graça de Deus que nos levou até ali e para gloriar-nos das nossas muitas capacidades de fazer o bem. E talvez essa seja uma das razões pelas quais Deus esses vasos de barro para colocar o seu tesouro. Nós somos vasos de barro, Ele é o tesouro. Que importante é que nunca nos esqueçamos disso. Somos receptáculos da misericórdia de Deus e, uma vez misericordiados, podemos também misericordiar, como gosta de falar o Papa Francisco com seus neologismos.

São Pedro e São Paulo são, certamente, as melhores colunas que a Igreja pode querer. Mas não por suas próprias forças, e sim porque Deus os elegeu e eles confiaram na sua Graça apesar de todas as suas fragilidades, pecados e inconsistências. E não nos deixemos enganar, que sejamos pequenos não nos impede de fazer coisas grandiosas quando colocamos nossas vidas nas mãos do Senhor, como fizeram esses dois grandes santos que celebramos hoje. Que possamos, como eles, reconhecer-nos pecadores e, por isso mesmo, necessitados da infinita misericórdia que Deus deseja derramar em nossos corações, para que sejamos também nós, testemunhas do amor de Deus no mundo.

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