Tiago era irmão de João, filho de Zebedeu e pertencia ao grupo dos apóstolos mais próximos de Jesus, junto com Pedro e João. Ele esteve presente em vários acontecimentos importantes da vida de Cristo, como a cura da sogra de Pedro, a ressurreição da filha de Jairo, a transfiguração do Senhor e a sua agonia no horto das Oliveiras. Em todas as listas dos apóstolos aparece entre os três primeiros, ficando evidente a sua importância nas primeiras comunidades cristãs.
Não há nenhuma dúvida de que ocupou um lugar de liderança no grupo dos doze, sendo considerado por São Paulo uma das colunas da Igreja (Gl 2,9). Ele o considerava um dos grandes na Igreja primitiva. Foi encontrar-se com ele, Pedro e João em sinal de comunhão.
O curioso é que apesar de São Tiago ocupar um lugar tão importante entre os doze, pouco se sabe sobre ele. É isso que tentaremos agora desvendar, inspirado na Sagrada Escritura e em alguns relatos sobre ele.
Na maioria das vezes aparece junto ao seu irmão João. Sabe-se que era pescador e que Jesus o chamou a ser pescador de homens, onde prontamente deixou tudo e o seguiu (Lc 5, 1-11). Era um galileu tipicamente impulsivo e tempestivo, o que fez com que junto a seu irmão João fosse apelidado de Boanerges, “Filho do Trovão” (Mc 3,17). Também desejava ocupar um grande posto no Reino de Cristo (Mc 10, 35-45; Mt 20, 20-28).
A única vez em que aparece separado de João é no momento de seu martírio (At 12, 1-2). Tiago morreu pela espada, a mando do rei Herodes.
A devoção a Santiago de Compostela
São Tiago é padroeiro da Espanha e em seu nome foi fundada no século IX uma linda cidade, um dos mais importantes lugares de peregrinação dos cristãos de todo o mundo: Santiago de Compostela.
Essa fundação é atribuída a uma história de que após o seu martírio, o corpo do apóstolo estava sendo levado em uma embarcação que partiu de Joppa (atual Jaffa, importante cidade portuária de Israel) e os navegantes adormeceram, indo parar na costa da Espanha. Enquanto o seu corpo permaneceu ali conta-se que neste lugar aconteceram inúmeros milagres. O seu corpo ficou perdido durante as invasões dos Bárbaros no século VIII, sendo reencontrado no século IX por um eremita chamado Pelágio.
O rei Afonso II, o Casto, levou o seu corpo a Compostela onde está presente até hoje. As peregrinações dos diversos caminhos que existem na Europa a Santiago de Compostela culminam com a visita ao túmulo do apóstolo, presente na catedral dedicada a ele. Os diversos relatos de peregrinos que percorreram uma das rotas do Caminho de Santiago descrevem como uma das mais experiências espirituais mais intensas que tiveram. Quem tiver oportunidade e as condições necessárias vale a pena um dia fazer essa peregrinação. Há diversas rotas (algumas longas, outras mais curtas), passando por lindos lugares da Europa, principalmente da Espanha.
O nome Compostela é uma adaptação da frase latina Ad Sanctum Jacobum Apostolum ou da frase española Giacomo Apostolo.
Algumas características do apóstolo
Foi um homem de coragem e perdão. Foi o primeiro apóstolo que foi mártir. Amou tanto a Cristo que esteve disposto a ganhar a coroa do martírio, vencendo a covardia e o ódio dos seus perseguidores com coragem, amor e perdão.
Era humilde, não era invejoso ou ciumento. Da mesma forma que André viveu à sombra de Pedro, ele viveu à sombra de João. Não deve ter sido fácil ter que viver à sombra de um irmão famoso, conhecido como o “discípulo amado do Senhor”. A sua humildade e o assumir o seu papel na missão que Cristo tinha para ele, fez com que ele saísse triunfante e tivesse um papel fundamental na fundação das primeiras comunidades cristãs.
Era um homem de uma fé extraordinária. Tentem imaginar o momento do chamado que Cristo faz para ele. Deixar toda uma vida para trás e seguir o Senhor exige muita fé e confiança. Sua fé também aparece no episódio em que junto com seu irmão João pede a Cristo terem os primeiros lugares no seu Reino. Uma aproximação superficial pode levar a crer apenas que se tratava apenas de uma ambição humana, um desejo de poder. Porém vendo o contexto, o menos provável era que Jesus pudesse sentar-se em algum trono deste mundo. Ele era um pregador galileu, que estava seguindo um caminho que estava condenado a chocar com o poder das autoridades e acabar em um desastre inevitável. Em meio a essa situação aparentemente sem esperança, ele nunca duvidou de que Jesus era um Rei.
Foi capaz de beber o cálice de Cristo. “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. De fato, bebereis meu cálice.” (Mt 20, 22-23). Apesar de sua vida ter sido curta se comparada à do seu irmão João que viveu quase cem anos, teve o mesmo destino dele: beber o cálice do martírio. Não teve medo de anunciar a Cristo e sofrer as consequências, mesmo que isso lhe custasse a vida.
Peçamos hoje a intercessão deste grande santo para que anunciemos a Cristo com ardor e alegria a todos que necessitam. São Tiago, rogai por nós!