Décimo mandamento: Não cobiçar as coisas alheias

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Este mandamento nos convida a não ter cobiça dos bens que o meu próximo possui, bem como desejar com medida os bens temporais.

“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Dt 5,21)

O décimo mandamento desdobra e completa o nono. Convida-nos a não ter cobiça dos bens que o meu próximo possui, bem como desejar com medida os bens temporais. Possui relação direta com esse mandamento os pecados capitais da inveja, avareza.

O avarento é aquele que possui um desejo desordenado de possuir bens materiais. É tão apegado que o seu coração se fecha à caridade, não vendo a necessidade que tem os seus irmãos. Não é a quantidade de bens que torna uma pessoa avarenta. Existem muitas pessoas com poucos recursos que são muito mais apegados que milionários. É claro que quanto mais bens uma pessoa possui, mais difícil desapegar-se. Jesus deixa evidente o quão insensato é apegar-se aos bens desta terra. Vejam por exemplo a parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) e do rico insensato (Lc 12, 16-21).

A inveja também é outra doença que destrói o coração humano e o impede de amar plenamente. Entende-se como tristeza pelo êxito do outro e alegria por sua derrota. Essa tristeza pelo bem que o outro possui leva a pessoa a desejá-lo desordenadamente, em muitos casos levando a outro pecado: o roubo. A inveja pode levar também à ira e normalmente tem sua raiz no vício da soberba, onde não me contento com o que sou e o que tenho, buscando assim sempre mais.

É importante esclarecer que não está errado desejarmos os bens da terra. Deus criou o mundo e o dispôs a serviço da realização do homem. Além disso, esse desejo manifesta a fome de infinito que está no coração do homem: o terreno nos conduz ao divino. O problema está no desejo desordenado dos bens, onde não me conformo com o que tenho e sempre quero o que o outro tem. O mundo muitas vezes gera em nós necessidades (os marqueteiros sabem fazer muito bem isso), onde absurdamente acreditamos que realmente precisamos disso para viver, que esse bem me trará a felicidade, me fará famoso igual a fulano, que terei êxito nesse aspecto como fulana.

Ser humilde e pobre de coração: o nosso destino é a eternidade

A chave para viver o desapego é lembrarmos que somos peregrinos nesse mundo e que nosso destino é o céu. Os bens nos ajudam a vivermos bem, para alcançarmos esse fim último.

Jesus nos convida a sermos “pobres de espírito” (Mt 5,3), ou seja, ter um coração humilde que nos permite valorizar tudo o que temos, mas principalmente voltar os olhos para aquilo que nos traz a verdadeira felicidade, esperando assim a vida eterna, onde veremos a Deus face a face.

Cristo nos ensina com o seu exemplo que não são os bens materiais que fazem as pessoas serem o que são. Ele nasceu num presépio, a sua família era bem humilde (lembre que São José era carpinteiro) e quando iniciou a sua vida pública disse que “As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” (Mt 8, 20).

Aprendamos a sermos humildes como o Senhor e confiarmos na providência divina, trabalhando constantemente para ganharmos com dignidade tudo o que precisamos para o nosso sustento e dos meus familiares. Ao invés de comparar-me com o outro, sejamos humildes e agradecidos a Deus pelo que temos. Que o nosso coração seja solidário e generoso como o de Nossa Senhora. Confiemos em sua intercessão. Nossa Senhora Aparecida sempre cuida dos seus filhos, desde que eles estejam buscando em sua vida o que é realmente mais importante.

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