Sexto Mandamento: Não pecar contra a castidade

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Esse mandamento é um dos mais difíceis de viver hoje em dia, sobretudo porque o mundo de hoje exalta o sensual e o sexual, não tendo em conta toda a plenitude que a castidade traz à pessoa.

Antes de começarmos a falar desse mandamento é importante entendermos algumas coisas importantes. A primeira delas é que Deus criou a pessoa humana para viver o amor e a comunhão. E uma das formas privilegiadas para isso é a vivência plena da sexualidade.

A sexualidade abarca todos os aspectos da pessoa e “diz respeito à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão a criar vínculos de comunhão com os outros” (Catecismo da Igreja Católica, 2332). A sexualidade é definida pela identidade sexual do homem e da mulher, onde a diferença e a complementaridade física, psicológica e espiritual estão orientadas para o casamento, para ser imagem da generosidade e fecundidade do Criador.

O sexto mandamento engloba todo o conjunto da sexualidade humana. É um convite à vivência da castidade, que é a integração correta da sexualidade na pessoa. Longe de limitar-se ao âmbito do corporal, a castidade nos permite nos relacionarmos e nos doarmos ao outro de uma forma plena e integral.

Para a vivência da castidade é necessário aprendermos a ter o domínio sobre nós mesmos, que alcançamos com a vivência da virtude cardeal da temperança. E pelo fato da castidade ser um dom de Deus, Ele nunca nos abandona. Ele nos dá a sua graça para que possamos vivê-la em plenitude.

Diversas formas de castidade

Todo batizado é chamado à castidade, que é vivida de acordo ao seu estado de vida: o matrimônio e as diversas formas de vida consagrada. Os casados são chamados a viver a castidade conjugal (terem relações sexuais apenas entre eles) e os consagrados a praticarem a castidade na continência (que chamamos de celibato). Os namorados e os noivos também estão chamados a viverem a castidade na continência. Essa prova os ajudará a crescer no amor mútuo, no respeito de um pelo outro, na fidelidade, e ajudará que o casamento tenha mais chances de êxito (Um estudo realizado pela Universidade americana Brigham Young demonstrou que a abstinência sexual antes do casamento está associada com melhores resultados no relacionamento conjugal. A satisfação com o casamento foi 20% maior entre os casais que esperaram, bem como a qualidade na vida sexual foi 15% maior).

Ofensas à castidade

Algumas ofensas à castidade, que reduz o ser humano a mero objeto de prazer, são a luxúria (desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo), a masturbação (excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo), a fornicação (união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres), a pornografia (retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de uma forma deliberada), a prostituição (reduz a dignidade da pessoa, limitando-a a mero objeto de prazer venéreo) e o estupro (penetração à força, com violência, na intimidade sexual de uma pessoa).

Os atos homossexuais também ferem a castidade. A Igreja não é contra a homossexualidade (que é atração por pessoas do mesmo sexo) e sim contra os atos sexuais homossexuais, pois ferem a ordem natural, fechando o ato sexual ao seu fim principal: que é a fecundidade, gerar a vida.

A Igreja acolhe e respeita os nossos irmãos e irmãs com essas tendências, sabendo que constitui para eles uma provação: “Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deverá ser evitado para com eles todo sinal de discriminação injusta” (Catecismo da Igreja Católica, 2358). Essas pessoas são chamadas também à castidade.

Outra ferida grave à castidade é o não cumprimento do compromisso do celibato de algumas pessoas. Esse compromisso está diretamente ligado à sua vocação de seguir a Cristo mais de perto, tendo um coração totalmente entregado ao Senhor e aos demais, estando assim plenamente disponível para o anúncio do Reino. Devemos rezar para que os padres, religiosos, religiosas, consagrados sejam fiéis ao seu compromisso.

Amor entre os esposos

A sexualidade está ordenada ao amor conjugal entre o homem e a mulher. No casamento, a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal e um penhor de comunhão espiritual. Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos cônjuges e a transmissão da vida.

Duas coisas são necessárias no matrimônio: a fidelidade e a fecundidade. A fidelidade exprime e constância de manter a palavra dada e nos lembra a própria fidelidade de Deus para conosco. Principalmente em tempo de prova é necessário manter a fidelidade. O mundo muitas vezes buscará banalizar esse compromisso, colocando muitas tentações para destruir o matrimônio. Peçamosr forças a Deus para que nos ajude a vencer as tentações e nos mantermos fiéis. O adultério, o divórcio, o incesto são ofensas graves à dignidade do matrimônio, feridas muito difíceis de curar.

A fecundidade do matrimônio se expressa na geração dos filhos. Nele os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus. Os filhos nunca são uma carga para o casal. São pelo contrário uma bênção e uma manifestação clara da presença de Deus na família. É muito triste constatarmos hoje em dia que os casais cada vez têm menos filhos, muitas vezes condicionados por aspectos práticos, temporais, deixando muitas vezes de confiar na providência divina, que nunca nos abandona e sempre nos dá o que precisamos.

Os casais que por motivos de saúde não conseguem gerar filhos também estão chamados à fecundidade. A adoção de crianças é uma grande prova da generosidade de muitas famílias, que dão um lar para a criança abandonada, possibilitando que o amor de Deus se manifeste nessa família.

Vivamos a castidade

A castidade como pudemos constatar é uma bênção e transborda o nosso coração de amor e nos ajuda a sermos felizes. Em muitos casos parece que estamos nadando contra a corrente, seremos criticados por outras pessoas. Porém percebemos o vazio de uma vida que busca o prazer sem limites se comparado à plenitude que experimentamos quando amamos outra pessoa e nos abrimos à vida através de uma vida casta.

A Virgem Maria nos ensina com sua vida que vale a pena ser puro. Ela depois de ter concebido a Cristo livremente quis permanecer virgem, para que pudesse exercer a sua maternidade sobre todos nós, seus filhos. Ela também valorizou muito a família, sendo fiel ao seu esposo São José e cuidando com amor e carinho de seu Filho.

Que a Nossa Senhora Aparecida nos ajude a sermos cada dia mais castos, conscientes de que contamos com seus auxílios maternais e com a graça do seu Filho.

5 COMENTÁRIOS

  1. Belo texto, muito bonito o sentido da castidade em nossa vida! Mas considero uma missão impossível se Deus não conceder a graça de vivê-la, pois a carne é muito fraca. Aproveitei e fui relembrar os 10 Mandamentos de Deus, em Êxodo 20, mas no lugar de “Não pecar contra a castidade” reparei que consta “Não cometerás adultério”, aí fiquei confuso! Por favor, por que no Catecismo está escrito “castidade” e na Bíblia “adultério”? Por que essa diferença e mudança? Gostaria de me aprofundar no magistério da Igreja Católica. Paz e Bem

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