A caridade na base de tudo – Mt 7,21

1940

«Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus.» (Mt 7,21).

A passagem que meditamos insere-se na conclusão do Sermão da montanha. É uma exortação do Senhor para viver de acordo com o Evangelho, com seus ensinamentos, que acabam de ser explicitados. A advertência do Senhor se dirige em primeiro lugar aos que não traduzem a sua fé em obras, ficando apenas nos sentimentos, nas boas intenções, nas promessas, mas que não colocam os meios necessários para uma mudança real de vida. Também existem aqueles que colocam meios, mas não proporcionados. Ficam no meio do caminho. É importante avaliar quanto estes versículos se aplicam a cada um de nós.

Os versículos seguintes, porém, revelam que não é apenas aos que não fazem que o Senhor se dirige, mas também àqueles que se apoiam demasiado nas suas conquistas pessoais, nos resultados concretos, numéricos, exitosos que alcançaram. É bem sabido que no início do cristianismo eram comuns os prodígios, os milagres, algo que chamava muito a atenção e suscitava muitas conversões. A tentação sempre latente, e na qual vários caíram é a de pensar que a causa de tais prodígios não é Deus, senão o discípulo. Pensando que já se atingiu um nível suficiente de perfeição cristã, o discípulo pode se acomodar e descuidar o principal: a prática da caridade, fazendo também concessões ao homem velho, recaindo em vícios, desordens, compensações. Como dizia São Paulo: de que adianta conquistar o mundo inteiro se perco a minha alma? E também… Se não tenho amor, não tenho nada.

É muito significativo considerar que no mesmo capítulo 7, alguns versículos atrás (12-13), o Senhor Jesus lembra seus ouvintes da regra de ouro, que é resumo da lei e dos profetas. Tratar o meu próximo como eu gosto de ser tratado. Ser compreensivo e misericordioso como eu espero que sejam comigo.

É muito importante lembrar sempre a essência da mensagem do Senhor Jesus, que é a caridade. Tudo o que fazemos, nosso apostolado, tem que ter por incentivo a caridade. Cada dia devemos purificar-nos do natural desejo humano de brilhar, triunfar, destacar-se. Também nos momentos difíceis, quando as coisas não dão certo, quando é necessária a paciência, o esforço de longo alento, aproveitar para unir-se ao Senhor Jesus na Cruz, para crescer em esperança e em visão de eternidade. O desânimo, a tristeza, a amargura, o ressentimento, as cargas e conflitos com os irmãos, são sintomas de que falta ainda interiorizar mais o Evangelho do Senhor Jesus, de que o amor próprio, a soberba, ainda pesam muito em nossa visão da realidade.

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