Caminho para Deus 191 – Com a força do Evangelho

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No contexto da III Assembleia Plenária do Movimento em Dezembro de 2009, na cidade de Santiago de Guayaquil, Eduardo Regal Villa, Coordenador Geral do MVC, pronunciou a conferência inaugural intitulada “Com a força do Evangelho”. Estas reflexões, inspiradas na dita conferência, nos situam no horizonte apostólico que se nos apresenta, impulsionados e renovados pelos trabalhos e conclusões de nossa Assembleia.

Transformando a realidade «com a força do Evangelho»

A vocação apostólica sela a identidade do Movimento de Vida Cristã, que existe para colaborar com a missão evangelizadora da Igreja. Esta missão começa pela evangelização permanente de cada um de seus membros, que buscam ser sempre “evangelizadores permanentemente evangelizados”.

O Magistério nos ensina que «evangelizar significa para a Igreja levar a Boa Nova a todos os ambientes da humanidade e, com seu influxo, transformar a partir de dentro e renovar a mesma humanidade»[1]

A citação do Papa Paulo VI, na exortação apostólica Evangelli Nuntiandi, marca um horizonte importante na tarefa do MVC frente ao futuro: «Para a Igreja não se trata somente de pregar o Evangelho em zonas geográficas cada vez mais vastas ou a populações cada vez mais numerosas, senão de alcançar e transformar com a força do Evangelho os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade que estão em contraste com a palavra de Deus e com o desígnio de salvação»[2].

As palavras do Papa nos falam da responsabilidade e orientação a que deve se dirigir nosso apostolado: nossos grupos, serviços apostólicos e em geral todas nossas obras devem estar orientadas para este fim: transformar a realidade com a força do Evangelho.

Esta citação da Evangelii Nuntiandi nos leva a pensar na diversidade de campos e âmbitos em que estamos como membros do Movimento envolvidos em nossas vidas cotidianas. Desde o ambiente mais próximo, como podem ser a família, os amigos ou os vizinhos, até o mundo do trabalho, do estudo, do esporte ou sadio espairecimento. Pensemos nas áreas de experiência profissional ou de conhecimentos que cada um dos membros do Movimento tem: As ciências, a medicina, a educação, o mundo da empresa e dos negócios, o direito, a arte, a história, a filosofia, o cuidado dos filhos, a política e a vida pública, os meios de comunicação, etc.

Trata-se de um enorme desafio, já que não basta um crescimento em número ou em âmbitos apostólicos, senão que é necessário evangelizar a cultura e transformar a realidade.

É uma tarefa que nos ultrapassa, e ainda que às vezes a missão pareça abrumada, na realidade é uma missão apaixonante. Para cumpri-la contamos com a graça de Deus, pois senão seria uma missão impossível, e com a companhia maternal de Santa Maria, nossa Mãe, que intercede por nós para nos obter graças abundantes e nos ensinar a cooperar com elas.

O primeiro campo do apostolado

Conscientes de que “o primeiro campo do apostolado sou eu mesmo”, devemos dar início a esta grande tarefa desde nossa vida pessoa. Só com um esforço sério por ser coerentes com nossa vida cristã, como caminho cotidiano para a santidade podemos nos voltar para a transformação do mundo. Cada um, desde sua situação particular deve assumir como sua a missão evangelizadora do MVC, acolhendo o dom da Reconciliação em sua própria vida e contribuindo assim pelos seus dons e capacidades para a construção de um mundo melhor. Trata-se de contribuir com o nosso “grãozinho de areia que poderá fazer a diferença”[3].

Depois de si próprio, apresenta-se o horizonte da comunhão e encontro com os demais. E a vida de amizade no MVC é um âmbito privilegiado para viver a vida cristã, para compartilhar a fé vivendo uma intensa experiência de comunhão, para sair ao mundo e transformar ali onde cada um está, para anunciar com a palavra e o testemunho a Boa Nova da Reconciliação.

Estar no mundo sem ser do mundo

Na última ceia, o Senhor Jesus, orou ao Pai por seus discípulos dizendo: «Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo; não te peço que os retires do mundo, e sim que os guardes do Maligno»[4]

A vida de todo emevecista transcorre neste “estar no mundo mas sem ser do mundo”. Entendemos mundo não como espaço geográfico senão, em troca, como aquela realidade fruto do pecado e do mistério da iniqüidade, oposta a Deus e a seu Plano, e que também se manifesta de forma patente na vida cotidiana.

Estamos chamados, então, para a santidade na vida cotidiana. «O Concílio Vaticano II ressaltou a vocação universal à santidade. Recordou aos filhos da Igreja que cada um, em eu próprio estado e circunstâncias, está chamado a viver coerentemente a vida cristã»[5]. Para muitos de nós, se trata de uma vida cotidiana que em muito é semelhante à vida cotidiana de qualquer pessoa que vemos ao nosso redor, no sentido de estar no mundo.

Uma das grandes responsabilidades neste aspecto é de superar o divórcio entre a fé e a vida cotidiana. É possível glorificar a Deus com os atos cotidianos de nossa vida, procurando que estejam ordenados a cumprir com seu Plano. Buscamos viver assim uma espiritualidade da ação e para a ação.

Diz-nos nosso Fundador: «O mundo necessita de testemunhos, de pessoas que não caiam na armadilha do agnosticismo funcional pondo um parêntese em sua vida cristã enquanto desenvolvem seus diferentes papéis no mundo. Não podemos estar ausentes. Devemos ser conscientes de nossa identidade como fiéis laicos, e agir com coerência nas diversas responsabilidades que temos na vida»[6].

Internalizar nossa espiritualidade

Vivemos uma etapa muito importante da vida de nosso Movimento. É um momento privilegiado de nossa história, em que estamos pondo as bases do que, mediante Deus, será «como uma árvore frondosa»[7].

Portanto, o tempo atual nos exige a aprofundar nas riquezas, matizes e concretizações para viver a espiritualidade com que temos sido abençoados.

É muito importante não só compreender e aprofundar nos acentos de nossa espiritualidade, como também internalizá-los e transmiti-los. Esta é nossa responsabilidade, antes de tudo conosco mesmos e com aqueles chamados a formar parte do Movimento agora e no futuro. Tenhamos em conta, além disso, que é a espiritualidade a qual o Senhor nos chamou como caminho concreto para alcançar nossa santidade[8].

Chamados para a Nova Evangelização

Como Movimento temos como nossa a grande tarefa da Nova Evangelização e nos comprometemos a impulsioná-la.

Ali onde se encontre presente o MVC, temos de ser esses «artesãos de reconciliação no mundo atual», como nos pediu o Venerável João Paulo II.

Frente aos múltiplos desafios que o mundo de hoje nos apresenta respondamos com a Nova Evangelização, «nova em seu ardor, em seus métodos, em sua expressão»[9].

Que cada um de nós possa seguir o exemplo maternal de Santa Maria, que respondeu ao chamado de Deus com prontidão e docilidade e com essa mesma prontidão se dispôs a servir na tarefa do anúncio da Boa Nova.

Que cada um dos membros do movimento seja apóstolo infatigável dando razão e testemunho de nossa esperança cristã[10] no mundo atual.

CITAÇÕES PARA MEDITAR
Guia para a Oração

  • O Senhor Jesus nos chama ao apostolado: Mt 28, 19a; Jo 15, 1.
  • Ele nos faz portadores da Reconciliação: 2Cor 5, 18.
  • Nosso apostolado é realizado no mundo: Jo 13,1; 17,10.
  • Contudo, não somos do mundo, como tampouco Cristo é do mundo: Jo 15,19; 17,14.16.
  • Somos chamados a glorificar a Deus com nossas vidas: 1Cor 10,31.
  • O anúncio alegre e convincente brota do encontro com o Senhor:  Jo 1,39-41; 4,28-30; Lc 24,32-33.
  • Evangelizar é irradiar a Cristo:  Mt 5,15-16.
  • Temos de evangelizar a tempo e a qualquer tempo: 2Tm 4,2; 1Cor 9,16.
  • Maria nos ensina que para transmitir o Senhor há que levá-lo dentro: Lc 1,39-44.

PREGUNTAS PARA O DIÁLOGO

  1. Que entendo por “transformar com a força do evangelho” em relação a minha própria vida e ao redor?
  2. Quanto experimento ser um apóstolo nas circunstâncias e lugares nos quais o Senhor me colocou?
  3. Quanto me identifico com a missão apostólica do MVC? Vejo a mim próprio como instrumento de mudança no mundo?

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