Caminho para Deus 197 – Compromisso solidário com os pobres

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O Senhor Jesus nos chama a todos seus discípulos ao apostolado, ao anúncio da Boa Nova da Ressurreição que veio trazer ao mundo. Este chamado de ir “por todo mundo e proclamar a Boa Nova a toda a criatura”[1] ressoa com força particular para cada um dos membros do Movimento de Vida Cristã, que com fidelidade buscam responder a esse convite.

Dentro de sua orientação apostólica geral, o MVC se descobre chamado a acentuar cinco âmbitos que considera fundamentais: o serviço evangelizador aos jovens, o compromisso solidário com os pobres, a evangelização da cultura, a promoção e evangelização da família e a promoção da vida, dignidade e direitos da pessoa humana. São cinco acentos que, apesar de chamar atenção para áreas especiais, não excluem outros campos que também são muito importantes na vida do Povo de Deus.

Este ano estamos celebrando os 25 anos da fundação do Movimento de Vida Cristã. Por essa razão os temas que veremos nos próximos meses buscarão aprofundar cada um desses nossos acentos.

Aprofundaremos nesta edição o COMPROMISSO SOLIDÁRIO COM OS POBRES, exigência fundamental da fé com aqueles que de alguma maneira têm a sua dignidade como ser humano ameaçada e sua vida afetada por isso. Por isso que o Movimento se compromete solidariamente com os pobres, com os necessitados, com os enfermos, com os marginalizados, com os abandonados e com todos aqueles em cujos rostos se descobrem os traços Cristo sofredor[2].

Quem são os pobres?

Para compreender quem são os pobres podemos remeter-nos à passagem bíblica na qual o Senhor Jesus, na Montanha, proclama as bem aventuranças[3] a uma grande multidão. A primeira delas é “Bem aventurados os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. Os pobres a quem Jesus se refere no Evangelho são pessoas pobres materialmente e quase fisicamente pobres. São aqueles que sofrem de fome e choram por serem abandonados, depreciados, marginalizados e perseguidos[4].

A esses pobres o Senhor Jesus anuncia que é possível ser feliz. Precisamente aqui é que reside o paradoxo das bem aventuranças: Jesus proclama felizes todos aqueles que o mundo deprecia e renega e abre para eles um horizonte de plenitude e reconhecimento de sua grandeza e dignidade que somente à luz dos olhos de Deus poderão alcançar. Por esta razão, depois de escutar ao Senhor na Montanha, é que os pobres vão recobrar a confiança em Deus e em si mesmo, e com força são impulsionados a empreender seu caminho de santidade.

No entanto, quando nos referimos aos pobres, não podemos nos remeter somente ao aspecto material. Existe também o aspecto espiritual, ainda mais importante, que nos põe diante do chamado de Deus a ser pobre de espírito, segundo o Espírito de Cristo: espírito de paz, de verdade, de justiça, de misericórdia e de amor[5] . Viver assim permitirá que eles abram seus corações a Deus e aos demais para gozar da verdadeira felicidade no Reino de Deus.

Nosso compromisso solidário

Nosso compromisso apostólico exige que não nos esqueçamos da relação estreita entre a evangelização e a promoção humana, pondo diante do horizonte da vida cristã a realidade do compromisso solidário e fraterno. Por isso, buscamos cuidar do nosso próximo ajudando-o a passar de condições de vida menos humanas para condições cada vez mais humanas e dignas de ser pessoa e filho de Deus, encaminhando-o à plena conformação com o Senhor Jesus.

Não nos basta colaborar unicamente com um serviço solidário, nosso coração clama para que entreguemos de nós mesmo um serviço evangelizador no qual anunciamos o amor predileto de Deus pelos que mais sofrem e seu chamado a participar privilegiadamente de seu Reino.

Tomemos consciência que hoje, mais do que nunca, se faz urgente e necessário que o compromisso solidário com nossos irmãos mais necessitados seja um feito efetivo na nossa vida cotidiana. Recordemos do desafio que nos apresentou o Papa João Paulo II durante sua primeira visita ao Peru, em 1985: “Eu os convido a uma solidariedade especial com esses pobres, que são tantos no nosso mundo de hoje” (EJ,11).

Desde a educação social da Igreja

Com o dever de assumir este compromisso solidário, o Movimento guia-se nas orientações do ensinamento social da Igreja e nunca sem elas, via segura que o Magistério vivo propõe para enfrentar os problemas de cada tempo.

Especialmente na América Latina, onde são tão graves as rupturas sociais e ao mesmo tempo é tão evidente o fracasso das ideologias e pseudo humanismos, as esperanças se voltam com mais convicção em direção ao Magistério Social da Igreja. O ideal cristão de buscar uma “cultura mais humana” aparece como a única resposta e verdadeira necessidade do ser humano, ansioso por fraternidade, solidariedade, justiça e reconciliação.

Todo cristão, como filho da Igreja, deve assumir esse compromisso com os pobres, e com uma visão correta do ser humano movido pela caridade do Senhor Jesus, voltar-se ao serviço daqueles que mais necessitam.

Citações para oração

  • Jesus proclama felizes aos pobres: Lc 6, 20
  • Ser solidário com os demais é ser solidário com o próprio Cristo: Mt 25, 40.45
  • Solidariedade necessária com os pobres: Mc 10, 44; Lc 4, 18; 1Cor 9, 22;2Cor 9, 7-9
  • Maria e o serviço evangelizador com os necessitados: Lc 1,39-45.56

Perguntas para o diálogo

  1. Compreendo a importância deste acento em minha espiritualidade? Como se faz concreto em minha vida?
  2. Realmente me comprometo com o irmão que sofre? Busco no mais necessitado o Rosto de Cristo?
  3. Como posso fazer para viver a solidariedade com os mais necessitados?
  4. Que meios concretos irei colocar para comprometer-me realmente com os mais necessitados?

[1]Ver Mc 16,15

[2]Ver Puebla, 31; Santo Domingo, 178, 179

[3]Ver Lc 6, 20-23

[4]P. François Francou S.J., Opción por los pobres, VE, Lima 1988, p.6-7.

[5]P. François Francou S.J., Opción por los pobres, VE, Lima 1988, p.11

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