DOMINGO DE RAMOS – Hosana! …… Crucifica-o!

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I. A PALAVRA DE DEUS

Procissão de Ramos: Mc 11, 1-10: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”

«1Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo:

– ‘Ide até o povoado que está em frente, e logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! 3Se alguém disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta’.’

4Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. 5Alguns dos que estavam ali disseram:

– ‘O que estais fazendo, desamarrando este jumentinho?’

6Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. 7Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou.

8Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. 9Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam:

– ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! 10Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’

Is 50, 4-7:Não desviei meu rosto das bofetadas e cusparadas; sei que não serei humilhado.

4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo.

5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6Ofereci as costas para me baterem e  as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.

7Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

Sal 21, 8-9.17-20.23-24: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”

8Riem de mim todos aqueles que me vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
9‘Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!’

17Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
18e eu posso contar todos os meus ossos.
Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam!

19Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
20Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!

23Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
24Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o toda a raça de Israel!

Flp 2, 6-11:Humilhou-se a si mesmo; por isso, Deus o exaltou acima de tudo.”

6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo  e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.

10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame : ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai.

Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos: 14, 1-15, 47:Procuravam um meio de prender Jesus à traição, para matá-lo”. 

1Faltavam dois dias para a Páscoa e para a festa dos Ázimos. Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei procuravam um meio de prender Jesus à traição, para matá-lo.2Eles diziam:

– ‘Não durante a festa, para que não haja um tumulto no meio do povo.’

3Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Quando estava à mesa, veio uma mulher com um vaso de alabastro cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de Jesus.

4Alguns que estavam ali ficaram indignados e comentavam:

– ‘Por que este desperdício de perfume? 5Ele poderia ser vendido por mais de trezentas moedas de prata, que seriam dadas aos pobres.’

E criticavam fortemente a mulher.

6Mas Jesus lhes disse:

– ‘Deixai-a em paz! Por que aborrecê-la? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7Pobres sempre tereis convosco e quando quiserdes podeis fazer-lhes o bem. Quanto a mim não me tereis para sempre. 8Ela fez o que podia: derramou perfume em meu corpo, preparando-o para a sepultura.

9Em verdade vos digo, em qualquer parte que o Evangelho for pregado, em todo o mundo, será contado o que ela fez, como lembrança do seu gesto.’

10Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os sumos sacerdotes para entregar-lhes Jesus. 11Eles ficaram muito contentes quando ouviram isso, e prometeram dar-lhe dinheiro. Então, Judas começou a procurar uma boa oportunidade para entregar Jesus.

12No primeiro dia dos ázimos, quando se imolava o cordeiro pascal, os discípulos disseram a Jesus:

– ‘Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?’

13Jesus enviou então dois dos seus discípulos e lhes disse:

– ‘Ide à cidade. Um homem carregando um jarro de água virá ao vosso encontro. Segui-o 14e dizei ao dono da casa em que ele entrar:

– ‘O Mestre manda dizer: onde está a sala em que vou comer a Páscoa com os meus discípulos?’

15Então ele vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala, arrumada com almofadas. Ali fareis os preparativos para nós!’

16Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus havia dito, e prepararam a Páscoa.

17Ao cair da tarde, Jesus foi com os doze. 18Enquanto estavam à mesa comendo, Jesus disse:

– ‘Em verdade vos digo, um de vós, que come comigo, vai me trair.’

19Os discípulos começaram a ficar tristes e perguntaram a Jesus, um após outro:

– ‘Acaso serei eu?’

20Jesus lhes disse:

– ‘É um dos doze, que se serve comigo do mesmo prato. 21O Filho do Homem segue seu caminho, conforme está escrito sobre ele. Ai, porém, daquele que trair o Filho do Homem! Melhor seria que nunca tivesse nascido!’

22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo:

–’Tomai, isto é o meu corpo.’

23Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes e todos beberam dele. 24Jesus lhes disse:

– ‘Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. 25Em verdade vos digo, não beberei mais do fruto da videira, até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus.’

26Depois de terem cantado o hino, foram para o monte das Oliveiras. 27Então Jesus disse aos discípulos:

– ‘Todos vós ficareis desorientados, pois está escrito: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão.’28Mas, depois de ressuscitar, eu vos precederei na Galiléia.’

29Pedro, porém, lhe disse:

– ‘Mesmo que todos fiquem desorientados, eu não ficarei.’

30Respondeu-lhe Jesus:

– ‘Em verdade te digo, ainda hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.’

31Mas Pedro repetiu com veemência:

– ‘Ainda que tenha de morrer contigo, eu não te negarei.’

E todos diziam o mesmo.

32Chegados a um lugar chamado Getsêmani, disse Jesus aos discípulos:

– ‘Sentai-vos aqui, enquanto eu vou rezar!’

33Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. 34Então Jesus lhes disse:

– ‘Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai.’ 35

Jesus foi um pouco mais adiante e, prostrando-se por terra, rezava que, se fosse possível, aquela hora se afastasse dele. 36Dizia:

– ‘Abbá! Pai! Tudo te é possível: Afasta de mim este cálice! Contudo, não seja feito o que eu quero, mas sim o que tu queres!’

37Voltando, encontrou os discípulos dormindo. Então disse a Pedro:

– ‘Simão, tu estás dormindo? Não pudeste vigiar nem uma hora? 38Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.’

39Jesus afastou-se de novo e rezou, repetindo as mesmas palavras. 40Voltou outra vez e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono e eles não sabiam o que responder.

41Ao voltar pela terceira vez, Jesus lhes disse:

– ‘Agora podeis dormir e descansar. Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores. 42Levantai-vos! Vamos! Aquele que vai me trair já está chegando.’

43E logo, enquanto Jesus ainda falava, chegou Judas, um dos doze, com uma multidão armada de espadas e paus. Vinham da parte dos sumos sacerdotes, dos mestres da Lei e dos anciãos do povo. 44O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo:

– ‘É aquele a quem eu beijar. Prendei-o e levai-o com segurança!’

45Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo:

– ‘Mestre!’, e o beijou.

46Então lançaram as mãos sobre ele e o prenderam. 47Mas um dos presentes puxou a espada e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. 48Jesus tomou a palavra e disse:

– ‘Vós saístes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante. 49Todos os dias eu estava convosco, no Templo, ensinando, e não me prendestes. Mas isto acontece para que se cumpram as Escrituras.’

50Então todos o abandonaram e fugiram. 51Um jovem, vestido apenas com um lençol, estava seguindo a Jesus, e eles o prenderam. 52Mas o jovem largou o lençol e fugiu nu.

53Então levaram Jesus ao Sumo Sacerdote, e todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os mestres da Lei se reuniram.

54Pedro seguiu Jesus de longe, até o interior do pátio do Sumo Sacerdote. Sentado com os guardas, aquecia-se junto ao fogo. 55Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus, para condená-lo à morte, mas não encontravam. 56Muitos testemunhavam falsamente contra ele, mas seus testemunhos não concordavam. 57Alguns se levantaram e testemunharam falsamente contra ele, dizendo:

58‘Nós o ouvimos dizer:

– ‘Vou destruir este templo feito pelas mãos dos homens, e em três dias construirei um outro, que não será feito por mãos humanas!`’

59Mas nem assim o testemunho deles concordava. 60Então, o Sumo Sacerdote levantou-se no meio deles e interrogou a Jesus:

– ‘Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?’

61Jesus continuou calado, e nada respondeu.

O Sumo Sacerdote interrogou-o de novo:

– ‘Tu és o Messias, o Filho de Deus Bendito?’

62Jesus respondeu:

– ‘Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu.’

63O Sumo Sacerdote rasgou suas vestes e disse:

– ‘Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64Vós ouvistes a blasfêmia! O que vos parece?’

Então todos o julgaram réu de morte. 65Alguns começaram a cuspir em Jesus. Cobrindo-lhe o rosto, o esbofeteavam e diziam:

– ‘Profetiza!’

Os guardas também davam-lhe bofetadas.

66Pedro estava em baixo, no pátio. Veio uma criada do Sumo Sacerdote, 67e, quando viu Pedro que se aquecia, olhou bem para ele e disse:

– ‘Tu também estavas com Jesus, o Nazareno!’

68Mas Pedro negou, dizendo:

– ‘Não sei e nem compreendo o que estás dizendo!’

E foi para fora, para a entrada do pátio. E o galo cantou.

69A criada viu Pedro, e de novo começou a dizer aos que estavam perto:

– ‘Este é um deles.’

70Mas Pedro negou outra vez.

Pouco depois, os que estavam junto diziam novamente a Pedro:

– ‘É claro que tu és um deles, pois és da Galiléia.’

71Aí Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo:

– ‘Nem conheço esse homem de quem estais falando.’

72E nesse instante um galo cantou pela segunda vez.

Lembrou-se Pedro da palavra que Jesus lhe havia dito:

– ‘Antes que um galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.’

Caindo em si, ele começou a chorar.

15,1Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. 2E Pilatos o interrogou:

– ‘Tu és o rei dos judeus?’

Jesus respondeu:

– ‘Tu o dizes.’

3E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus.

4Pilatos o interrogou novamente:

– ‘Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!’

5Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado.

6Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. 7Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. 8A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume.

9Pilatos perguntou:

– ‘Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?’

10Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja.

11Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás.
12Pilatos perguntou de novo:

– ‘Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?’

13Mas eles tornaram a gritar:

– ‘Crucifica-o!’

14Pilatos perguntou:

– ‘Mas, que mal ele fez?’

Eles, porém, gritaram com mais força:

– ‘Crucifica-o!’

15Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. Teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. 16Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. 17Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. 18E começaram a saudá-lo:

– ‘Salve, rei dos judeus!’

19Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.

21Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. 22Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer ‘Calvário’. Ele foi contado entre os malfeitores. 23Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou.

24Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um. 25Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.

26E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: ‘O Rei dos Judeus’.

27Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.

(28)Porque eu vos digo: É preciso que se cumpra em mim  a Palavra da Escritura: ‘Ele foi contado entre os malfeitores.’

29Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:

– ‘Ah! Tu que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, 30salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!’

31Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo:

– ‘A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! 32O Messias, o rei de Israel…que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!’

Os que foram crucificados com ele também o insultavam.

33Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde.

34Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:

– ‘Eli, Eli, lamá sabactâni?’

Que quer dizer:

– ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’

35Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:

– ‘Vejam, ele está chamando Elias!’

36Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:

– ‘Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz.’

37Então Jesus deu um forte grito e expirou.

38Neste momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes.

39Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:

– ‘Na verdade, este homem era Filho de Deus!’

40Estavam ali também algumas mulheres, que olhavam de longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e Salomé. 41Elas haviam acompanhado e servido a Jesus quando ele estava na Galiléia. Também muitas outras que tinham ido com Jesus a Jerusalém, estavam ali.

42Era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, e já caíra a tarde. 43Então, José de Arimatéia, membro respeitável do Conselho, que também esperava o Reino de Deus, cheio de coragem, veio a Pilatos e pediu o corpo de Jesus.

44Pilatos ficou admirado, quando soube que Jesus estava morto. Chamou o oficial do exército e perguntou se Jesus tinha morrido há muito tempo.

45Informado pelo oficial, Pilatos entregou o corpo a José.

46José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol. Depois colocou-o num túmulo, escavado na rocha, e rolou uma pedra à entrada do sepulcro.

47Maria Madalena, e Maria, mãe de Joset, observavam onde Jesus foi colocado.

II. COMENTÁRIOS

Aproximava-se já a celebração anual da Páscoa judia e Jesus, como todos os anos (ver Lc 2,41), junto com seus apóstolos e discípulos se dirige a Jerusalém para ali celebrar a festa.

Durante o caminho o Senhor recebe uma mensagem premente de parte de Marta e Maria, irmãs do Lázaro: «Senhor, aquele que tu amas está enfermo.» (Jo 11,3). Imploravam ao Senhor que fosse a Betânia o mais breve possível para curar seu irmão, que se encontrava à beira da morte. O Senhor, porém, faz justamente o contrário: espera uns dias mais mencionando que a enfermidade de seu amigo «não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.» (Jo 11,4). Terminada sua espera, dirige-se finalmente a Betânia, onde realiza um milagre que ultrapassa o limite de tudo o que um profeta teria podido fazer: devolver a vida a um homem que jazia há quatro dias no sepulcro, cujo cadáver se encontrava já em estado de decomposição (ver Jo 11,39-40).

O desconcerto inicial dava lugar a um indescritível estado de euforia ao ver Lázaro sair vivo da tumba. Tão impactante e assombroso foi este milagre que muitos «vendo o que Jesus tinha feito, creram nele» (Jo 11,45). A espetacular notícia se difundiu rapidamente pelos arredores, de modo que muitos foram a Betânia para ver Jesus e Lázaro. Não era suficiente esse sinal para que o povo, os fariseus e os sacerdotes acreditassem que Jesus era o Messias esperado? Não é difícil imaginar o estado de exaltação em que se encontrariam os apóstolos e discípulos ao ver seu Mestre agir com tal poder. Provavelmente pensavam que afinal já se aproximava a hora de sua gloriosa e poderosa manifestação a Israel, a hora em que libertaria Israel da opressão de seus inimigos e instauraria finalmente o Reino dos Céus na terra.

Alguns correram apressadamente a Jerusalém levando a notícia, comunicando-a aos fariseus, que reunindo-se em conselho se perguntavam: «Que faremos? Esse homem multiplica os milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação.» (Jo 11,47-48). Com tal argumento finalmente «resolveram tirar-lhe a vida.» (Jo 11,53).

E como grande número de judeus ao inteirar-se do acontecido iam a Betânia não só para ver Jesus mas também a Lázaro (ver Jo 12,9) os sumos sacerdotes decidiram matá-lo também, «porque por causa dele muitos judeus foram e creram em Jesus» (Jo 12,11). Como podia chegar a tanto a teimosia, a ambição e a cegueira daqueles fariseus? O certo é que enquanto muitos, pela evidência dos fatos, se abriam à fé, estes endureciam mais e mais o coração.

Até então o Senhor tinha insistido que a ninguém dissesse que Ele era o Messias (ver Lc 8,56; 9,20-21). Entretanto, sabendo que logo ia ser “glorificado” (ver Jo 11,4), quer dizer, que já se aproximava a hora de sua Paixão, Morte e Ressurreição, sua atitude muda. Desta vez, já perto de Jerusalém e acompanhado pela entusiasmada multidão, Jesus dá instruções a seus discípulos para que lhe tragam um burrico para percorrer, montado nele, o último trecho da estrada e a entrada na Cidade Santa. Diz-lhes onde encontrarão o jovem animal que ainda não tinha sido montado por ninguém, e os discípulos fazem exatamente o que o Senhor lhes pede (Evangelho antes de iniciar a procissão de Ramos).

Naquele tempo, não era raro que pessoas importantes usassem um burrico para transportar-se (ver Núm 22,21ss). E que importância tem que ninguém o tivesse montado ainda? Os antigos pensavam que um animal já empregado em usos profanos não era idôneo para usos religiosos (ver Núm 19,2; Dt 15,19; 21,3; 1Sam 6,7). Um burrinho que não tivesse sido montado anteriormente era, pois, o indicado para transportar pela primeira vez uma pessoa sagrada, o próprio Messias enviado por Deus.

E que significado tinha esta entrada em Jerusalém montado em um asninho? O Senhor tem em mente uma antiga profecia: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estender-se-á de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra.» (Zac 9,9-10). A mensagem que o Senhor queria dar era muito clara: Ele era o rei da descendência de Davi, o Messias prometido por Deus para salvar a seu povo; nele se cumpria a antiga profecia.

A mensagem foi perfeitamente compreendida pela entusiasmada multidão de discípulos e admiradores que o acompanhavam, de modo que enquanto o Senhor Jesus avançava para Jerusalém montado sobre o burrinho, alguns estendiam seus mantos no chão como tapetes para que passasse sobre eles, enquanto muitos outros acompanhavam a jubilosa procissão agitando alegremente ramos de palma, sinal popular de vitória e triunfo. Era a maneira popular de proclamar que reconheciam nele ao rei-Messias que traria a vitória a seu povo.

Enquanto isso, levados pelo entusiasmo e pela gritaria, todos gritavam uma e outra vez: «Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! O Bendito o Rei que vai começar o reino de Davi, nosso pai! Hosana no mais alto dos céus!».

Os termos empregados são típicos. Ao dizer o que vem em nome do Senhor faziam referência ao Messias, e ao dizer o reino de Davi (ver Mc 11,9-10) referiam-se ao reino messiânico inaugurado pelo Messias, o filho de Davi. Mais eles pensavam em um reino mundano, em uma vitória política, em um triunfo militar garantido por uma gloriosa intervenção divina.

Certamente o Senhor se preparava para manifestar sua glória, dispunha-se a libertar seu povo, mas de outra opressão: a do pecado e da morte. A hora da manifestação de sua glória não seria outra senão a de sua Paixão e de sua elevação na Cruz (Evangelho). Conhecendo seu doloroso destino, anunciado já antecipadamente a seus discípulos em repetidas oportunidades (ver Mt 16,21; Lc 9,22), Ele não resiste nem retrocede. (1ª. leitura) Acreditando em Deus, Ele oferecerá a si mesmo, suportará o opróbrio e a afronta para nossa reconciliação. Deste modo Deus exaltou e glorificou o Filho que por amorosa obediência, sendo de condição divina, rebaixou-se a si mesmo «até a morte e morte de Cruz» (2ª. leitura). Diante dEle todo joelho deve dobrar-se e toda língua tem que confessar que Ele «é o SENHOR para glória de Deus Pai».

III. LUZES PARA A VIDA CRISTÃ

A liturgia do Domingo de Ramos já nos introduz na Semana Santa. Associa dois momentos radicalmente contrapostos, separados tão somente por poucos dias de diferença: a acolhida gloriosa de Jesus em Jerusalém e sua implacável execução no Gólgota. O “hosanna” com as saudações transbordantes de júbilo e o “crucifica-o!” com os impropérios carregados de desprezo.

Talvez nos indaguemos surpresos: o que aconteceu em tão breve lapso de tempo? Por que esta mudança radical de atitude? Como é possível que os gritos jubilosos de “hosanna” (quer dizer: “salve-nos”) e “bendito o que vem” com que reconheciam e acolhiam o Messias-Filho de Davi mudassem tão rapidamente em insultos, golpes, zombarias, intermináveis chicotadas e em um definitivo desprezo e rejeição: “A esse não! A Barrabás!… a esse crucifiquem-no, crucifiquem-no!”?

Uma explicação sem dúvida é a manipulação a que é submetida a multidão. Como acontece também em nossos dias, quem carece de sentido crítico tende a render-se à “opinião pública”, ao que dizem os “outros”, deixando-se arrastar facilmente em suas opiniões e ações pelo que “a maioria” pensa ou faz. Não fazem o mesmo hoje muitos inimigos da Igreja que achando eco nos poderosos meios de comunicação social apresentam “a verdade sobre Jesus” para que muitos filhos da Igreja gritem novamente “crucifiquem-no” e “crucifiquem a Sua Igreja”? No caso de Jesus, como em muitos outros casos, a “opinião pública” é continuamente manipulada habilmente por um pequeno grupo poderoso que quer tirar Cristo do meio do povo (ver Lc 19,47; Jo 5,18; 7,1; At 9,23).

Mas a assombrosa facilidade para mudar de atitude tão radicalmente com respeito a Jesus não deve nos fazer pensar tanto em “outros”, ou assinalar a massa para nos sentirmos desculpados. Deve nos fazer refletir humildemente em nossa própria volubilidade e inconsistência. Quantas vezes arrependidos, emocionados, tocados profundamente por um encontro com o Senhor, convencidos de que Cristo é a resposta a todas as nossas buscas de felicidade, de que Ele é O SENHOR, abrimos-lhe as portas de nossa mente e de nosso coração, acolhemo-lO com alegria e entusiasmo, com Palmas e aclamações de vitória, mas pouco depois, com nossas ações e opções opostas a seus ensinamentos, o expulsamos e gritamos “crucifiquem-no!”, porque preferimos o “Barrabás” de nossos próprios vícios e pecados?

Também eu me deixo manipular facilmente pelas vozes sedutoras de um mundo que odeia a Cristo e busca arrancar toda raiz cristã de nossos povos e culturas forjados ao calor da fé. Também eu me deixo influenciar facilmente pelas vozes enganosas de minhas próprias concupiscências e inclinações ao mal. Também eu me deixo seduzir facilmente pelas vozes sutis e aduladoras do Maligno que com suas ardilosas ilusões me promete a felicidade que desejo vivamente se em troca ofereço minha vida aos deuses do poder, do prazer ou do ter. E assim, quantas vezes, embora cristão de nome, grito cada vez que me dedico fazer o mal que se apresenta como “bom para mim”: “A esse NÃO! A esse CRUCIFIQUEM-NO! A esse, tirem-no de minha vida! Escolho Barrabás! ”!

Que importante é aprender a sermos fiéis até nos menores detalhes de nossa vida, para não crucificar novamente a Cristo com nossas obras! Que importante é sermos fiéis, sempre fiéis! Que importante é desmascarar, resistir e rechaçar aquelas vozes que sutil e habilmente querem nos pôr contra Jesus, para então construir nossa fidelidade no Senhor dia a dia com as pequenas opções por Ele! Que importante é fortalecer nossa amizade com Ele mediante a oração diária e perseverante! Do contrário, no momento da prova ou da tentação, no momento em que escutemos as “vozes” interiores ou exteriores que nos convidem a eliminar o Senhor Jesus de nossas vidas, descobriremos como nosso “hosanna” inicial se converterá em um traidor “crucifiquem-no”.

O que escolho eu? Ser fiel ao Senhor até a morte? Ou, covarde como tantos, conformo-me em vagar sempre como uma sacolinha plástica vazia na direção em que sopram os ventos de um mundo que rejeita Cristo, que rejeita a sua Igreja e todos aqueles que são de Cristo?

IV. PADRES DA IGREJA

Santo André de Creta: «Venham, subamos juntos o monte das Oliveiras e saiamos ao encontro de Cristo, que volta hoje de Betânia, e que se encaminha por sua própria vontade para aquela venerável e bem-aventurada Paixão, para levar a cabo o mistério de nossa salvação. Vem, com efeito, voluntariamente para Jerusalém, o mesmo que, por amor a nós, baixou do Céu para nos exaltar com Ele, como diz a Escritura, acima de todo principado, potestade, virtude e dominação, e de todo ser que exista, a nós que jazíamos prostrados. Ele vem, mas não como quem toma posse de sua glória, com fausto e ostentação. Não gritará — diz a Escritura —, não clamará, não fará zoeira pelas ruas, mas sim será manso e humilde, com aparência insignificante, embora lhe tenha sido preparada uma entrada suntuosa. Corramos, pois, com Ele que se dirige com presteza à Paixão, e imitemos aos que saíam a seu encontro».

Santo Ambrósio: «Como as multidões já conheciam o Senhor, chamam-no rei, repetem as palavras das profecias, e dizem que veio o filho de Davi, segundo a carne, tanto tempo esperado».

São Beda: «Não se diz que o Salvador seja rei que deve exigir tributos, nem armar exércitos com o aço, nem vem brigar visivelmente contra os inimigos; mas sim que vem para dirigir as mentes, para levar os que creem, esperam e amam ao Reino dos Céus; e querer ser rei de Israel é um indício de sua misericórdia e não para aumentar seu poder».

São Beda: «Uma vez crucificado o Senhor, como calaram seus conhecidos pelo temor que tinham, as pedras e as rochas O louvaram, porque, quando expirou, a terra tremeu, as pedras racharam e os sepulcros se abriram».

Santo Ambrósio: «E não é estranho que as pedras, contra sua natureza, tornem públicos os louvores ao Senhor. Assim se confessam mais duros que as pedras os que o tinham crucificado; isto é, a turba que pouco depois tinha que crucificá-lo, negando em seu coração o Deus que confessou com suas palavras. Além disso, como os judeus tinham emudecido depois da Paixão do Salvador, as pedras vivas, como diz São Pedro, celebraram-no».

V. CATECISMO DA IGREJA

A subida de Jesus a Jerusalém

  1. «Ora, como se aproximavam os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a firme resolução de Se dirigir a Jerusalém» (Lc 9, 51). Por esta decisão, indicava que subia para Jerusalém pronto para lá morrer. Já por três vezes tinha anunciado a sua paixão e a sua ressurreição. E ao dirigir-Se para Jerusalém, declara: «não se admite que um profeta morra fora de Jerusalém» (Lc 13, 33).
  2. Jesus recorda o martírio dos profetas que tinham sido entregues à morte em Jerusalém. No entanto, continua a convidar Jerusalém a reunir-se à sua volta: «Quantas vezes Eu quis agrupar os teus filhos como a galinha junta os seus pintinhos sob as asas!… Mas vós não quisestes» (Mt 23, 37b). Quando já avista Jerusalém, chora sobre ela e exprime, uma vez mais, o desejo do seu coração: «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos» (Lc 19, 42).

A ENTRADA MESSIÂNICA DE JESUS EM JERUSALÉM

  1. Como vai Jerusalém acolher o seu Messias? Embora tenha sempre evitado as tentativas populares de O fazerem rei, Jesus escolheu o momento e preparou os pormenores da sua entrada messiânica na cidade de «Davi, seu pai» (Lc 1, 32). E é aclamado como filho de Davi e como aquele que traz a salvação («Hosanna» quer dizer «então salva!», «dá a salvação»). Ora, o «rei da glória» (Sl 24, 7-10) entra na «sua cidade», «montado num jumento» (Zc 9, 9). Não conquista a filha de Sião, figura da sua Igreja, nem pela astúcia nem pela violência, mas pela humildade que dá testemunho da verdade. Por isso é que, naquele dia, os súditos do seu Reino, são as crianças e os «pobres de Deus», que O aclamam, tal como os anjos O tinham anunciado aos pastores. A aclamação deles: «Bendito o que vem em nome do Senhor» (Sl 118, 26) é retomada pela Igreja no «Sanctus» da Liturgia Eucarística, a abrir o memorial da Páscoa do Senhor.
  2. A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai realizar pela Páscoa da sua morte e da sua ressurreição. É com a sua celebração, no Domingo de Ramos, que a Liturgia da Igreja começa a Semana Santa.

VI. TEXTOS DA ESPIRITUALIDADE SODÁLITE

São João nos introduz neste acontecimento dramático com estas palavras: «Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou»[Jo 13, 1].

No Evangelho segundo São João fica muito claro que Cristo foi enviado por Deus ao mundo para levar a cabo a redenção do homem mediante o sacrifício de sua própria vida. Este sacrifício devia tomar a forma de um “despojar-se” de si na obediência até a morte na Cruz. Em toda a sua pregação, em todo o seu comportamento, Jesus é guiado pela consciência profunda que tem dos desígnios de Deus sobre a vida e a morte, com a certeza de que esses desígnios nascem do amor eterno do Pai ao mundo, e em especial ao homem.

Jesus mesmo o diz com as seguintes palavras: « de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna »[Jo 3, 16]. O amor continua sendo a explicação definitiva da redenção mediante a Cruz. É a única resposta à pergunta “por que?” a propósito da morte de Cristo incluída no desígnio eterno de Deus.

Dessa maneira, a morte não tem a última palavra. Jesus com sua morte revela que ao final da vida o homem não está destinado a submergir-se na escuridão, no vazio existencial, na voragem de um nada, mas sim está convidado ao encontro com o Pai misericordioso, que o espera com os braços abertos pelo caminho do amor feito obediência.

Em nossa espiritualidade sodálite o mandamento de Jesus encontra sua plasmação especialmente na oração do ideal: «Santa Maria, ajuda-me a esforçar-me, segundo o máximo da minha capacidade e o máximo das minhas possibilidades, para assim responder ao Plano de Deus em todas as circunstâncias concretas de minha vida».

(Caminho para Deus #149)

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