Existe perigo nas maldições, magias e feitiços?

1978

Não faltaríamos com a verdade em dizer que o brasileiro é, em geral, um povo supersticioso. É só olhar as mais diversas expressões religiosas disseminadas pela imensidão do nosso país para encontrar um grande sincretismo religioso que abre as portas para uma vivência reinterpretada do catolicismo que, no fundo, deixa de ser catolicismo. Nessas práticas, ouvimos falar de maldições, magia, feitiços e outras coisas que podem confundir a cabeça de muitos católicos. Precisamos nos preocupar com isso?

Em primeiro lugar, gostaria de deixar aqui por extenso o número 2117 do Catecismo, que está falando sobre Adivinhação e Magia. Nesse trecho veremos com clareza qual é a posição da Igreja. Depois faremos uma breve reflexão que pode ser útil também nesse contexto.

“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para coloca-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde -, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar a outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso dos amuletos também é repreensível. O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo. O recurso aos assim chamados remédios tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes maléficos nem a exploração da credulidade alheia”.

É interessante ver que o catecismo trate com seriedade esse tema. Qualquer pessoa que não acredita no mundo espiritual pode descartar tudo isso como bobeira, mas a Igreja não faz isso. Justamente porque conhece o mundo espiritual, precisa advertir os fiéis a serem cuidadosos ao tratar com ele. Esse é, de certo modo, o único trabalho da Igreja, fazer com que os homens se religuem (Religare: Origem latina da palavra religião) com o divino da forma mais adequada. Estamos falando de um tema sério. Isso é importante ficar claro.

Depois, gostaria de chamar atenção para a virtude da religião. Sabemos que a fé, a esperança e a caridade são virtudes, mas não é tão comum escutar sobre a virtude da religião. O catecismo nos diz que ela é a justiça para com Deus, ou seja, a vontade constante e firme de dar a Deus o que lhe é devido. E a primeira coisa que lhe é devido é a adoração. Quando buscamos poderes em outros lugares, deixamos de praticar essa virtude porque não estamos depositando em Deus a confiança que lhe é própria por ser nosso Deus. Por isso o texto diz que essas práticas são gravemente contrárias a essa virtude.

Por último, destaquei a presença dos demônios. Na realidade do mundo espiritual está contida a presença desses seres pervertidos e pervertedores, que querem a nossa condenação eterna. E por mais que Deus seja Todo Poderoso e amor infinito, misteriosamente percebemos a presença do mal com muita força em nossas vidas. Quando falamos então de magia e feitiçaria, muitas vezes esse mal pode vir disfarçado de um anjo de luz (Que vai nos revelar o futuro, ou que vai curar uma doença, etc). Mas voltamos a questão de que não estamos dando a Deus a devida adoração e respeito. E aqui, pior ainda, a estamos dando a seres que querem o nosso mal eterno.

A magia os feitiços e maldições, portanto, são reais. São também realidades que nos fazem ir contra a virtude da religião porque deixamos de confiar totalmente em Deus e buscamos outras seguranças. Além disso, é perigoso porque nesse ambiente os demônios se aproveitam para, revestidos de luz, fazerem seu trabalho sujo de nos afastar ainda mais do Senhor. Diante de tudo isso, aproveitemos essa quaresma para purificar-nos de tudo aquilo que, nesse sentido, pode estar sendo ocasião para que confiemos em outras coisas que não o Senhor. Vale a pena meditar novamente a passagem das tentações de Jesus no Deserto que escutamos no primeiro Domingo desse tempo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here