Messe é grande, vocação dos apóstolos – Mt 9,36-10,8

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A passagem relata uma experiência interior do Senhor Jesus, que ao contemplar a multidão que sai em sua busca, sente compaixão deles “porque estavam cansados e abandonados, como ovelhas que não têm pastor.”

A primeira reação do Senhor ao ver a multidão “como ovelhas sem pastor” é a de convidar os seus discípulos para rogar “ao dono da colheita que mande trabalhadores à messe”, dado que “a colheita é abundante, mas os trabalhadores são poucos”.

Ante a abundância da colheita há que se pedir ao “dono”, ou seja, a Deus que envie mais operários para ajudar na messe. A oração de petição é fundamental. Também Moisés, séculos atrás, havia elevado a Deus esta oração: «Que o Senhor… ponha um homem à frente desta comunidade, um que saia e entre diante deles e que os faça sair e entrar, para que não fique a comunidade do Senhor como rebanho sem pastor.» (Nm 27, 15-17)

Logo depois de convidar a todos os seus discípulos à oração, chamou “os doze”, deu-lhes autoridade para expulsar espíritos imundos e curar toda enfermidade e doença, e os enviou a proclamar que “o Reino dos Céus está próximo”. O Senhor não só convida à oração, que é o primeiro e essencial, mas sim responde com a ação. O ministério confiado aos doze” brota da compaixão de Cristo e é, ao mesmo tempo, resposta a essa oração.

Deu-lhes poder. De que poder se trata? É o poder que possui o Senhor Jesus, poder divino, poder sobre toda enfermidade, sobre o pecado, sobre a morte, sobre o maligno e o mal. O Senhor lhes comunica seu mesmo poder divino para que com grandes milagres pudessem sustentar a verdade de seu anúncio.

Uma vez revestidos de Seu poder, “os doze” foram enviados pelo Senhor com uma missão específica: proclamar aos filhos de Israel que o Reino dos Céus está próximo. É o mesmo anúncio que João, o Batista, e também Jesus faziam até então (ver Mt 3,1-2; 4,17). É um chamado à conversão, a preparar os corações para acolher ao Messias divino, seu Evangelho e o dom da Reconciliação dado por Ele. “Os doze” –cujos nomes o Evangelista considera necessário designar– são os primeiros “operários” –mas não os únicos– chamados a prolongar a missão do Senhor Jesus naqueles lugares não alcançados ainda por sua pregação (ver Jo 20,21).

O Senhor, naquela primeira missão, envia os doze” exclusivamente às ovelhas desencaminhadas de Israel, porque a Israel tinha prometido Deus um Messias, porque a Israel tinha prometido a boa nova da salvação por meio dos antigos profetas. Em Jesus Cristo, Deus cumpre aquela antiga promessa feita a Israel. O envio, restringido em um princípio somente “às ovelhas perdidas de Israel”, será estendido pelo Senhor a todos os homens de todas as culturas e épocas antes de ascender glorioso aos Céus: «Ide e façam discípulos a todos os povos» (Mt 28,19).

«De graça o receberam, dêem de graça», diz o Senhor. E o que recebemos de graça? Cristo! E o que temos que dar de graça? Cristo! Quem se encontrou com Ele, quem –como diz São Paulo– foi “alcançado” por Ele (Fl 3,12), experimenta o que não pode ficar somente para si mesmo, que não pode conter seu anúncio! Com efeito, o autêntico encontro com o Senhor Jesus, enche de sentido e gozo a própria existência e leva a desejar comunicar também aos outros a imensa alegria que se experimenta em si mesmo.

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