Missão dos apóstolos – Mt 10,26

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O contexto da passagem que escutamos está demarcado em um conjunto de instruções que o Senhor Jesus dá aos seus apóstolos antes de enviá-los a anunciar o Reino «às ovelhas desencaminhadas de Israel» (ver Mt 10,5). Entretanto, deve-se ver que várias instruções e advertências transcendem essa missão imediata, e mais ainda apontam à missão universal que os apóstolos e discípulos deverão realizar depois que o Senhor Ressuscitado ascenda aos Céus e envie o Espírito Santo sobre eles no dia de Pentecostes (ver Mt 28,19).

O Senhor anuncia e adverte aos seus apóstolos que no fiel cumprimento de sua missão receberão o mesmo maltrato que Ele havia sofrido (ver Mt 10, 24-25). O que farão com o Mestre, farão também com os discípulos. Como testemunhas de Cristo, serão rejeitados por aquele “mundo” que se opõe a Deus e que recusa seus amorosos desígnios. Como não tremer ante o anúncio da perseguição, do mau trato e da morte violenta que sofrerão muitos nas mãos de seus furiosos opositores e perseguidores? Evidentemente tal panorama assusta a qualquer um, e por isso o Senhor Jesus, vendo despertar o temor em seus corações e sabendo do medo que experimentariam ao chegar o momento, os exorta vivamente a não temer nem sequer à morte mesma, pois embora sejam capazes de destroçar o corpo não poderão matar a “alma”.

É possível que exista um abajur aceso que não ilumine? Pode existir um divulgador mudo? Se calasse, deixaria de ser divulgador! Tampouco um cristão pode deixar de irradiar a Cristo ou calar seu anúncio. Um cristão que não irradia a Cristo, um cristão que não anuncia Cristo e seu Evangelho, é verdadeiramente cristão? Aquele que na verdade se encontrou com Cristo, aquele que lhe tem aberto as portas de sua casa (ver Ap 3,20; Lc 19,9), aquele em quem Ele habita e permanece (ver Jo 15,4-5), necessariamente irradia e reflete Cristo. Não pode ser de outro modo.

Quem é de Cristo anuncia a Cristo. O faz com o testemunho de sua própria vida, de uma vida cristã intensa, coerente, comprometida, que aspira a viver a caridade de Cristo em tudo o que faz, que aspira à santidade fazendo as coisas ordinárias da vida de modo extraordinário, de todo coração, como para o Senhor (ver Cl 3,23). O faz também com sua palavra, falando com outros de Cristo e de seu Evangelho. Ninguém se sinta tranqüilo se não anunciar a Cristo, se não der a conhecê-Lo a outros com seus lábios!

O anúncio de Cristo e de seu Evangelho, que terá que ser proclamado abertamente “do telhado”, nem sempre goza de popularidade. Qualquer cristão ao anunciar o Evangelho se encontrará tanto com reações favoráveis como também adversas. A oposição, a rejeição, a zombaria, o desprezo, a calúnia, a difamação, a perseguição, são experiências que formam parte da vida do discípulo de Cristo, como formaram e formam parte da vida de tantos apóstolos e cristãos ao longo da história, assim como formaram parte da vida de Cristo mesmo.

Ante a oposição ou dificuldades que encontraremos no caminho, o Senhor nos convida a confiar nele, a vencer nossos temores, a nos lançar sem medo: «Não tenham medo dos homens!» A confiança em Deus, em sua presença, em sua providência e ação, dá-nos muita segurança e é o melhor remédio contra o medo que paralisa ou leva a fugir. O medo se dilui na medida em que a confiança em Deus se faz forte. O Senhor nos garantiu que estará sempre conosco na adversidade. (ver Mt 28,20; Jo 16,33; Jr 1,8). Se Ele estiver conosco, ninguém poderá contra nós (ver Rm 8,31; Jr 20, 11).

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