Nossa Senhora, modelo de vida cristã

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Santa Maria, Nossa Senhora da Reconciliação, é modelo para todo cristão de discípulo e missionário do Senhor Jesus. Meditaremos hoje sobre esse caráter exemplar de Maria no seguimento de Jesus, que começa no amanhecer da Anunciação, com a Encarnação de Jesus em seu ventre, passando pela Visitação e o Natal como momentos para compartilhar com os demais a luz recebida, e a Apresentação no Templo e a Perda por três dias do Menino como momentos em que as dificuldades e a Cruz já se fazem presentes na sua vida.

 

Primeiro mistério: O anúncio do Anjo e o Sim de Maria, a Nova Eva.

Lc 1,35-38

Maria é chamada “Estrela da manhã” (Stella matutina), porque Ela é para a humanidade aquela luz que preanuncia o amanhecer do Sol de Justiça, que é o Senhor Jesus. Seu “Sim” ao Plano de Deus, que o Anjo lhe comunica, é dócil e humilde. “Faça-se” é uma forma do verbo “fazer” que explicita que a iniciativa não é dEla, mas de Deus. Ela, a serva do Senhor, é ao mesmo tempo a Mulher plenamente livre, porque o caminho da autêntica liberdade é o das escolhas e ações que se colocam em sintonia com o Plano dAquele que nos criou. Maria é, pois, a Nova Eva, a Mulher da Nova Criação. Assim como a primeira Eva, pela sua rebeldia, trouxe-nos a morte, é Maria, a Nova Eva, a que nos traz à vida pelo seu sim ao serviço e ao amor.

 

Segundo mistério: A visitação de Maria à sua prima Isabel

Lc 1,39

Uma lâmpada não se acende para ficar debaixo da mesa, mas no mais alto da habitação, iluminando tudo. Assim é Maria: Além de “Estrela da manhã”, como víamos no mistério anterior, ela é a “Estrela do mar” (Maris Stella), que nos precede no discipulado do seu Filho Jesus. Ela é a primeira cristã, a primeira em acolher Jesus em seu coração e comunica-lo aos seus próximos. Ela é modelo para nós desse dinamismo constante que deve caracterizar a nossa vida cristã.

 

Terceiro mistério: O nascimento de Jesus em Belém

Lc 2,1-7

Dizíamos no mistério anterior que Maria é a primeira cristã, modelo para todos os demais. Ela vive no dinamismo constante de levar seu Filho, a Luz do mundo, a todos os que vivem na escuridão. Em Belém este dinamismo continua, e a Tradição guarda a imagem de Nossa Senhora apresentando Jesus, a Luz do mundo, para os pastores e os reis, que vem de oriente. Muitos, porém, desde aquele primeiro momento, fecham os corações e preferem ficar nas trevas. É sempre uma dolorosa para quem faz apostolado e foi também com certeza para Maria. Por isso, peçamos neste momento a Maria que nos ajude a manter sempre viva a esperança em meio às dificuldades no anúncio, como Ela sempre a manteve.

 

Quarto mistério: A apresentação de Jesus no Templo

Lc 2,33-35

O Papa São João Paulo II, na sua Encíclica Redemptoris Mater (n. 16) chama esta passagem, em que Simeão anuncia a Maria que uma espada traspassaria seu coração, de “segunda anunciação”. Esta segunda anunciação faz referência às dificuldades que enfrentaria seu Filho no cumprimento da sua missão. Ela, a Mulher que guarda as coisas no coração e rumina a Palavra de Deus em profundo silêncio, lembraria esta anunciação no futuro, durante a Paixão e ao pé da Cruz.

 

Quinto mistério: O Menino Jesus no Templo

Lc 2,46-51

Costumeiramente meditamos nesta passagem como um momento difícil na caminhada de Maria, e com certeza o foi. Mas também podemos pensar nela como numa confirmação da identidade messiânica de Jesus, da sua relação toda especial com seu “Pai”. Depois desse momento, muitos anos se passariam sem que nada fora do comum acontecesse, ao longo da vida oculta do Senhor. Novamente citamos o Papa São João Paulo II, quem se refere a esse longo período, em que Jesus parecia fazer coisas que nada tinham a ver com a sua importante missão, como uma noite da fé para Maria (n. 17), enquanto “um velo cobre a realidade do mistério” (Ibid.). A noite escura faz referência a um período difícil, em que as pessoas espirituais experimentam um certo afastamento de Deus. Maria não perde a Fé nesse período da sua vida mas, alicerçada sempre nas promessas de Deus, sai fortalecida e sempre pronta para assumir a grande missão que Deus lhe tinha reservada.

 

Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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