“O amor me explicou tudo” (São João Paulo II)

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“O amor me explicou tudo”. Esse verso faz parte de um poema que São João Paulo II escreveu ainda em sua juventude, mostrando que desde muito jovem já tinha uma especial relação com o amor que, como Santo podemos dizer com segurança, foi até o fim o centro de sua vida. É fácil entender que o amor é o centro da vida do Santo, se lembramos da frase de São João (O evangelista) em sua primeira carta: “Deus é amor”. O Amor, o verdadeiro amor, não é, senão, outra maneira de dizer Deus. Nos dias de hoje, no entanto, quando se fala de amor, raramente podemos identificar o que se quer dizer com Deus.

Existe, de fato, muita confusão quando se trata de falar sobre o amor. Como podemos, então, entender que, para São João Paulo II, o amor lhe explicou tudo? Certamente, esse amor ao qual ele se refere não pode ser qualquer uma das várias caricaturas de amor que vemos nas novelas, nos livros românticos, nos seriados e nos filmes de modo geral. Em geral, (Reforço esse “em geral” porque conheço bons filmes, series e livros que falam do amor de modo mais autêntico, por isso não quero fazer uma afirmação que exclua essa possibilidade) esses meios nos mostram um “amor” autorreferente que, no fundo, se busca a si mesmo, a própria satisfação e prazer. Esse tipo de “amor” não explica tudo. Ele explica, talvez, como as nossas relações pessoais se dão hoje em dia, cada vez mais, egoístas e fechadas a um autêntico encontro com o outro.

Não! Um amor que explique tudo não se reduz a isso. Mas o que será esse TUDO que o amor a que se refere João Paulo II explica? Se pensarmos bem, “tudo” é uma palavra muito forte porque, ainda que soe como brincadeira, nada está fora do “tudo”. Esse amor deve explicar desde as menores coisas do nosso cotidiano, até as perguntas mais transcendentais do ser humano como: Qual o sentido da vida? Porque estamos aqui? Quem sou eu? Existe vida após a morte? Quem é Deus? É uma tarefa bem ousada se a consideramos sinceramente. Quem pode ter a pretensão de explicar TUDO?

E, no entanto, temos esse testemunho de São João Paulo II que diz que o amor o explicou tudo. E ele não está sozinho. De alguma maneira, todos os santos nos dizem que encontraram o sentido de suas vidas e as respostas para todas as perguntas quando se depararam com o Amor, e a Ele entregaram suas vidas. É algo que realmente chama a atenção, porque esse Amor a que se referem os santos e que é identificado com Deus por São João, vai contra todo bom senso mundano. Ele pede que nos entreguemos por completo, que nos doemos totalmente a Ele. Ele diz que aquele que perde a sua vida por Ele, esse o encontrará. Ele mostra que os felizes são os que choram, os que são perseguidos, os que têm fome e sede de justiça, os puros e os misericordiosos.

Em suma, ele mostra que ganhamos quando nos perdemos por Ele. Alguns poderiam dizer que isso não é muito racional, que não explica coisa nenhuma, e que exige uma fé cega e que, no fim das contas é um engano. Mas para os que se lançam a fazer a experiência de viver esse Amor, fica sempre mais claro que não se trata de nada irracional, mas de uma realidade que vai além da nossa mera razão humana e que encontra uma inteligência superior. Blaise Pascal parece ter se encontrado com essa razão divina quando disse que o coração possui razões que a própria razão desconhece. Essa razão superior é esse Amor que explica tudo o que São João Paulo II faz referência em seu poema.

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