Os mistérios luminosos e a espiritualidade da ação

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Na semana passada meditamos sobre algumas características da espiritualidade da ação, pela qual realizamos em nossas vidas a síntese entre a oração e a ação. Meditaremos em companhia de Maria sobre a Obediência ao Plano de Deus, o processo de Amorização, a Consagração das intenções, A visão de eternidade, e Dar glória a Deus vivendo uma vida boa.

 

Primeiro mistério: O Batismo no Jordão.

“Ora, tendo todo o povo recebido o Batismo, e no momento em que Jesus, também batizado, achava-se em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho; eu hoje te gerei’” (Lc 3,21-22).

O Senhor Jesus é plenamente obediente ao Plano do Pai. Quando João diz que era ele quem precisava ser batizado por Jesus, Jesus responde: “Deixa estar, para que se cumpra toda justiça”. O Batismo de Jesus no Jordão é ocasião para que o Pai dê testemunho do Filho e para que se manifeste também o Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em outra ocasião, no encontro com a Samaritana, Jesus disse aos seus discípulos: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai”. Assim também nós, nunca nos cansemos de buscar e cumprir o Plano de Deus para nós, realizando aquelas obras que realmente nos alimentam, nos realizam como pessoas, por mais que no momento de realiza-las não seja essa a nossa sensação subjetiva.

 

Segundo mistério: As Bodas de Caná

“Quando o mestre-sala provou a água transformada em vinho- ele não sabia de onde vinha, mas o sabiam os serventes que haviam retirado a água- chamou o noivo e lhe disse: “Todo homem serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já estão embriagados serve o inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora”” (Jo 2,9-10).

O Milagre das Bodas de Caná dá início aos sinais que Jesus realizará ao longo da sua vida pública e que desencadearão a sua Hora, o momento de entrega total pela salvação de cada ser humano na Cruz. A intercessão de Maria obtém não só o vinho que faltava aos noivos para a festa, mas também a cada um de nós o vinho da Salvação que é o Sangue de Cristo derramado na Cruz. Maria tem, pois, um papel central na obra que Deus quer realizar em nossas vidas. Façamos como João, abrindo a Maria as nossas casas, os nossos corações, amando-a como Jesus, pedindo à Mãe que nos aproxime mais de Jesus, para amar como Ele Deus Pai e nossos irmãos humanos, e cada dia mais Maria, nossa Mãe.

 

Terceiro mistério: A vida pública

“Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o Pai, o marcou com seu selo” (Jo 6,26-27).

No discurso do Pão da Vida muitos abandonam Jesus, porque consideram duras as suas palavras. Ele descobre as intenções dos corações de muitos, que o seguiam apenas por causa da multiplicação dos pães, porque tinham sido saciados. Muitos seguiam Jesus com intenções impuras e, aos poucos, o vão abandonando, quando o caminho se torna mais exigente. E nós? Por que seguimos Jesus? Por que somos cristãos? Por que participamos do MVC? É necessário que cada dia examinemos as nossas intenções, as purifiquemos, renunciando às más intenções, fortalecendo as boas, não só ao começar o dia, mas em vários momentos ao longo da jornada.

 

Quarto mistério: A transfiguração

“Eu vos digo, verdadeiramente, que alguns dos que estão aqui presentes não provarão a morte até que vejam o Reino de Deus” (Lc 9,27).

O acontecimento da Transfiguração lembra aos discípulos, em meio à crescente rejeição do Mestre e da sua mensagem, que o destino, a meta para a qual se dirigem, é a Eternidade. Que importante é que nós também lembremos sempre desse nosso destino. Depois da Transfiguração, Pedro, João e Tiago descem para o monte, voltam para continuar cumprindo a missão. A visão de eternidade a exercitamos como eles, no nosso dia-dia, em meio aos desafios cotidianos que enfrentamos e que desafiam a nossa esperança. É importante por isso sempre elevar o olhar para o Céu, lembrar o nosso destino Eterno, e perceber os sinais do Reino de Deus, já presente em nós mesmos e ao nosso redor, mesmo em meio a fortes contradições.

 

Quinto mistério: Instituição da Eucaristia

“Então, tomando um cálice, deu graças e disse: ‘Tomai isto e reparti entre vós; pois eu vos digo que já não comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus’. E tomou um pão, deu graças, partiu e distribuiu-o a eles, dizendo: ‘Isto é meu Corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’” (Lc 22,17-19).

Eucaristia é oferta de ação de graças. O sacrifício da Missa é a entrega generosa de Jesus ao Pai pela nossa salvação. Junto com esse sacrifício perfeito, Cristo Sacerdote leva ao Pai o sacrifício de nossas vidas. Este momento é para nós o cume de toda a nossa vida cristã, uma vida chamada a ser plena, pela graça que Deus nos comunica constantemente e pela nossa cooperação, que certamente abrange o esforço por viver bem, sendo conaturais com as nossas capacidades e limitações, ajudando os demais e também aceitando toda a ajuda necessária. O cristão não é um Super-Homem. É muito mais do que isso, é um homem redimido por Cristo, que percorre o caminho da humanidade com profundidade, que se levanta quando cai e que é capaz também de ajudar o irmão a levantar-se, que não hesita em pedir socorro ao Senhor, como Pedro quando, depois de ter-se lançado ao mar revolto e andado sobre as águas, sente medo e vê seus pés afundarem-se.

 

Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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