Uma festa da misericórdia

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Por Cankin Ma

Jovens do mundo inteiro andam estes dias pelas ruas de Cracóvia. Acolhem o convite do Santo Padre de fazer barulho pelas estradas e se amontoam para enxergar só durante cinco segundos o papamóvel passar. Nestes dias a Igreja celebra seu Jubileu, unindo-se às vozes dos peregrinos que em diferentes línguas gritam com toda a força: “esta é a juventude do Papa!”.

Para os que “ficamos” talvez seja oportunidade para nos unirmos à celebração. À celebração da fé, à celebração de sermos todos Igreja. Eu tenho alguns amigos que de alguma forma estão me representando lá, rezando comigo e por mim.

Uma amiga, logo antes de partir para Cracóvia, me perguntou pelas intenções que eu queria que ela rezasse na sua peregrinação. Para saber quanto me estender perguntei-lhe com sinceridade “vai depender… quantas podem ser? quão longas?”. Esperava um número e um limite, mas ela simplesmente respondeu “quantas você quiser, me comprometo a rezar por todas elas”.

O espírito de uma verdadeira festa é assim, não coloca números nem limites. Não fica preso nos espaços preenchidos ou os vazios, simplesmente quer explodir de alegria em todas as direções. Acho que o amor de Deus é assim, é uma celebração onde não tem importância as contas, onde se oferece o melhor que se tem, onde não se salva nada para quando possa ser mais necessário.

Esta alegria é expressada com força nas parábolas da misericórdia. Onde o aparentemente insignificante é celebrado: uma moeda, uma ovelha perdida dentre as noventa e nove, o filho mais novo que desperdiçou a herança da família. Assim é o amor de Deus. Um autor espiritual o expressa muito bem quando diz que “o mais surpreendente, sobre a misericórdia de Deus, é que Ele experimenta alegria em ter misericórdia”.

Isto é ainda mais inédito se levamos em conta como Deus coloca a sua esperança em que seus filhos voltem para Ele. Se o homem tem esperança porque não conhece o que vem na frente, Deus sente um tipo de esperança pela livre opção de seus filhos, que Ele escolhe não poder forçar. Usando as palavras de um poeta francês: “Toda penitência do homem é a coroação de uma esperança de Deus”. Tudo isto como uma analogia, como tem que ser feito quando quer se dizer uma palavra sobre Deus.

Os cristãos anunciam uma Boa Nova e ela é que Cristo veio, ainda mais, ousando descrever -como o poeta francês- o coração de Deus: a primeira Boa Notícia é a que Deus recebe, Ele se alegra quando a gente se abre à sua misericórdia. Por isso Ele prepara uma festa ao redor da misericórdia, por isso Ele chama mais de um milhão de jovens para que com seus gritos façam saber que o mundo pode, ainda hoje, celebrar uma festa. Sim, a Igreja se fez organizadora de várias festas. Por meio dos sacramentos é que Deus quer distribuir incessantemente sua graça, sua presença viva e misericordiosa na vida de cada pessoa.

Estes dias da Jornada Mundial da Juventude vamos ter uma festa de fé, talvez seja um convite para celebrar no meio da tristeza e o cansaço, no meio do medo e do terror. Descobrir que sim, o ódio e o mal são reais, mas o Amor Misericordioso de Deus é o mais real, o que se encontra na base de todo o existente.

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