Valorize os talentos que Deus te deu

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No Evangelho de Mateus, capítulo 25, encontramos a conhecida parábola dos talentos. O senhor chama seus servos e lhes entrega seus bens para que, em sua ausência, não fiquem sem cuidado. É interessante que Ele não dá quantidades iguais a cada servo, mas “a cada um de acordo com a sua capacidade”. Hoje em dia, isso pode parecer estranho, alguns poderiam até falar em discriminação. Será que Deus me ama menos porque me criou com menos capacidades? Talvez, o ponto central da questão aqui não está exatamente em Deus.

Desde um ponto de vista meramente humano, podemos ver que os próprios homens valorizam mais alguns talentos que outros. Monetariamente falando, podemos dizer que aqui no Brasil um jogador de futebol é mais valorizado que um jogador de vôlei, ou que, algumas carreiras profissionais são mais valorizadas que outras. A nossa sociedade (E não Deus) criou alguns padrões de valorização que quase obrigam as pessoas, especialmente os jovens, a tomarem decisões sem levar em consideração quem realmente são, mas sucumbindo à tentação de encaixar-se no modelo, buscando essa valorização.

Se voltamos agora à passagem de Marcos, chama a atenção que os servos não se voltem uns para os outros e se digam: “Porque você recebeu mais do que eu?; “Eu sou mais capaz que você e recebi menos talentos”; “O senhor não confia em mim”; “Não acho justa essa divisão”. E se a escritura não entra nesse mérito é porque essa não é a mensagem central. Qual é, então, a mensagem central? Que Deus, a quem conhecemos por um Pai amoroso, sábio e misericordioso, conhece quem somos e reparte seus dons da melhor maneira. E que espera de nós, que recebemos esses dons, que os trabalhemos com esmero para dar frutos.

Todas as demais perguntas surgem de uma visão não cristã da realidade que, infelizmente, é predominante em nossa sociedade e que não poucas vezes se infiltra no meio católico, na mentalidade das pessoas que estão buscando viver uma vida de fé. Um exemplo que pode deixar mais claro do que estamos falando é o de Nossa Senhora. Sabemos que ela recebeu dons extraordinários, para começar, o da Imaculada Conceição, depois, o de ser a Mãe do Senhor e por aí poderíamos continuar com vários outros. Mas não é muito comum que nos perguntemos porque ela recebeu tantos e eu tão poucos dons? Não costumamos ter inveja dos seus talentos, pelo contrário, louvamos a Deus por eles. Porque o mesmo não acontece com o irmão que está do meu lado?

Será que a inveja (Tristeza ao me deparar que o outro tem mais dons, ou dons mais valorizados) ou a frustração (Tristeza ao perceber que eu não estou à altura dos talentos que o mundo valoriza) que sentimos não é fruto de uma visão mundana de quem somos? Uma visão que diminui o valor da pessoa de acordo com aquilo que ela possui? Será que experimentaríamos o mesmo se percebêssemos que o valor do meu irmão, assim como o meu, está em que Deus deu a sua vida por nós? Independentemente do que sejamos capazes ou não de fazer, da quantidade de dons e talentos que recebamos, é certo que os recebemos das mãos de Deus e por isso são muito bons e Ele espera que tenhamos uma boa atitude em relação a eles.

Essa parábola dos talentos, nesse sentido, é um chamado à conversão. A olhar com valentia os muitos, ou muito poucos talentos que Deus nos deu e coloca-los a serviço do seu Reino, sem deixar que o mundo nos diga que valemos mais ou menos por eles. Todas as vezes que se infiltra uma mentalidade mundana no cristão, surgem conflitos que não deveriam existir e por isso é preciso estar atento. E se as capacidades dos homens são diferentes, único é o destino a qual somos chamados: Viver eternamente junto a Ele no Céu.

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